Na edição do "País Ligado" - um vídeo diário da líder bloquista que é divulgado pelo partido sobre as várias propostas do BE para combater a pandemia -, Catarina Martins refere que a assembleia-geral de acionistas da EDP de hoje decidiu "distribuir quase 700 milhões de euros em dividendos, o equivalente a 10 anos de tarifa social".
"Dizem os acionistas da EDP que não teria sentido não receberem os seus dividendos porque a empresa teve lucro. Escondem que estão a distribuir em dividendos mais do que os lucros da própria empresa e não explicam qual é o critério que os leva a achar mais importante distribuir lucros do que baixar a conta da luz", critica, considerando que a elétrica o que está a fazer "é lucrar com a crise".
Segundo a líder do BE, uma vez que empresas como a Galp, Jerónimo Martins e Sonae também discutem a distribuição de dividendos, Catarina Martins recorda que "o decreto do estado de emergência dá capacidade ao Governo de travar esta distribuição de dividendos e de exigir medidas de sensatez económica".
"É preciso agir já", apelou.
A coordenadora bloquista recorre ainda ao regulador do mercado, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, que "já veio alertar para os perigos da distribuição de dividendos, que põe em causa a sustentabilidade das próprias empresas".
Os acionistas da EDP aprovaram hoje a proposta do Conselho de Administração de distribuição de 694,74 milhões de euros em dividendos relativos a 2019, ano em que a elétrica teve lucros consolidados de 512 milhões de euros.
O presidente executivo da EDP, António Mexia, defendeu a estabilidade da remuneração aos acionistas, realçando que se a empresa que lidera "tem capacidade de distribuir os dividendos é porque fez os trabalhos de casa".
Em conferência de imprensa no final da assembleia-geral de acionistas, António Mexia realçou que, no atual contexto de pandemia de covid-19, a resiliência do modelo de negócio permitiu à EDP manter o compromisso com a totalidade dos 'stakeholders' (intervenientes no negócio), nomeadamente trabalhadores, fornecedores, clientes e acionistas.
A nível global, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 141 mil mortos e infetou mais de 2,1 milhões de pessoas em 193 países e territórios. Mais de 465 mil doentes foram considerados curados.
Portugal regista 629 mortos associados à covid-19 em 18.841 casos confirmados de infeção, segundo o boletim diário da Direção-Geral da Saúde sobre a pandemia.
O decreto presidencial que prolonga até 02 de maio o estado de emergência iniciado em 19 de março prevê a possibilidade de uma "abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais".