Austeridade? Deputado do Chega acusa primeiro-ministro de "incoerência"
A entrevista do primeiro-ministro ao jornal Expresso gerou hoje desentendimentos entre o deputado André Ventura e o primeiro-ministro, com Costa a insistir que não será necessária austeridade e que a sua resposta foi "clara e inequívoca".
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Política Debate quinzenal
"O senhor primeiro-ministro falou de confiança. O que não podemos é dizer no programa da Cristina que não vai haver austeridade, no programa do Goucha que talvez vá haver austeridade e no da Maya que pode haver austeridade ou não", ironizou o deputado do Chega, no debate quinzenal de hoje na Assembleia da República.
André Ventura questionou Costa sobre quais as possíveis medidas a tomar face à crise económica causada pela covid-19, alegando que o primeiro-ministro "pode dizer que não sabe ainda que orçamento suplementar" vai existir, "mas há de ter uma ideia".
"Eu posso ter más ideias, mas não costumo mudar as minhas ideias da segunda para a sexta feira", começou por responder o primeiro-ministro, para logo de seguida acrescentar que já teve a oportunidade de dizer ao Observador, à Lusa e ao Expresso, "e em todo o sítio", que "não, não haverá medidas de austeridade".
António Costa frisou que respondeu de forma "clara e inequívoca" à pergunta feita pelo jornal Expresso sobre um possível regresso da austeridade, lembrando que convém não confundir títulos que o primeiro-ministro não escreve com as respostas que dá.
"Espero que seja a última vez que eu tenha que esclarecer que este título não é meu e que a pergunta que aqui está não corresponde à resposta que aqui está, porque esta resposta corresponde a uma outra pergunta", frisou o primeiro-ministro.
Numa terceira interpelação, o deputado do Chega insistiu na questão das entrevistas, pedindo a António Costa que esclarecesse um título do jornal Público que referia igualmente a questão da austeridade.
António Costa esclareceu que o artigo do Público citava a entrevista dada ao Expresso, repetindo a resposta dada ao jornal e já lida em plenário: "A austeridade não é o caminho para responder a uma crise que não precisa de austeridade. Esta não é uma crise das finanças do estado, é uma crise de saúde que está a impactar a economia", citou Costa.
André Ventura questionou ainda o primeiro-ministro sobre as dívidas do Estado ao setor da saúde e Costa revelou que no âmbito dos pagamentos do Portugal 2020 já foi feita "uma recuperação de 300 milhões de euros que estavam em pagamento e que já estão neste momento na tesouraria das empresas".
No final da sua intervenção, André Ventura protestou contra o que classificou como "tempo ilimitado" dado ao primeiro-ministro nas suas respostas, usando da figura regimental da interpelação à mesa sobre a condução dos trabalhos.
O presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, respondeu que o tempo "está regulamentado", existindo uma margem de tolerância para todos, inclusivamente para o deputado André Ventura "que ultrapassou 50% do seu tempo".
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