Rio elogia resposta da democracia, mas alerta para perigos de nova vaga

O presidente do PSD elogiou hoje a resposta do regime democrático à crise sanitária, na primeira comemoração "condicionada" do 25 de Abril, mas alertou para os perigos de uma segunda vaga para a saúde e economia nacionais.

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Lusa
25/04/2020 11:33 ‧ 25/04/2020 por Lusa

Política

25 Abril

Na sua intervenção na sessão solene do 25 de Abril, Rui Rio apontou que, pela primeira vez, esta data é comemorada em Portugal "com a liberdade condicionada", com reflexos na cerimónia na Assembleia da República, com muito menos pessoas do que o habitual, quer de deputados, quer de convidados.

"Mas aquilo que, à primeira vista, pode parecer negativo, é no fundo um exemplo positivo do próprio regime democrático; que, sem complexos, mostrou ser capaz de responder com a legalidade constitucional, perante uma ameaça séria à nossa saúde coletiva", afirmou.

O líder do PSD sublinhou que "Portugal não tem a democracia suspensa", pelo contrário.

"Tem a democracia bem presente, ao demonstrar que ela encerra, em si mesma, mecanismos de funcionamento capazes de responder com eficácia a uma circunstância única e absolutamente excecional", disse, considerando que "teria sido dramático se, por cobardia ou complexos de ordem ideológica", o estado de emergência não tivesse sido aprovado.

Rui Rio alertou que, se o país vive atualmente um período "muito difícil" do ponto de vista sanitário, Portugal não está livre de uma segunda onda da pandemia "daqui por poucos meses".

"Impõe-se, por isso, que o país se prepare para esta eventualidade, porque a economia portuguesa não resistirá a uma nova paragem idêntica àquela que estamos a viver", defendeu.

E deixou um aviso: "As falhas que da primeira vez existiram não poderão ser repetidas".

"O Partido Socialista e os partidos da maioria parlamentar que apoiam o Governo têm garantido que, com eles, não haverá qualquer tipo de austeridade. É uma notícia que, seguramente, a todos agrada, mas tal otimismo não pode ser impeditivo de nos prepararmos para o pior cenário, pois, tal como o povo nos ensina, ?mais vale prevenir do que remediar', acrescentou.

Rui Rio defendeu que, no próximo inverno, o país tem de ter "uma maior capacidade" no Serviço Nacional de Saúde (SNS), traduzida em "mais equipamentos disponíveis e mais profissionais habilitados a usá-los".

"Teremos de ter testes em quantidade suficiente. Terá de haver proteção individual adequada para todos, a começar pelos profissionais de saúde que estão na linha da frente. E terá de haver, como já tive oportunidade de aqui alertar, informação e pedagogia adequada que, na ausência de medicamentos para a cura da infeção, apoie os portugueses no necessário reforço do seu sistema imunitário", referiu.

Rio pediu ainda mais planeamento logístico e "um especial cuidado com os lares de idosos".

Para o líder do PSD, "mais importante do que planear a presença de governantes nos jornais e nas televisões para publicitarem, a toda a hora, o que fizeram e o que não fizeram, é planear a resposta do país a uma eventual segunda onda da covid-19".

"A enorme debilidade com que a nossa economia e as nossas finanças públicas vão sair desta longa paragem, não acomoda um novo embate de igual dimensão", avisou.

Para tal, defendeu, é preciso "corrigir as falhas e injustiças" que considera terem ocorrido em vários Ministérios, de forma a que empresas e trabalhadores recebam os apoios "em tempo útil e oportuno".

Na sua intervenção no 46.º aniversário da Revolução, o líder do PSD agradeceu aos militares que fizeram Abril, mas defendeu que na celebração deste ano devem ser evocados os que faleceram vítimas da covid-19 e que "não puderam ter um funeral de acordo" com as tradições e os valores culturais nacionais.

"É neles e nos seus familiares que primordialmente devemos ter hoje e aqui o nosso pensamento. É a eles que devemos dedicar, em primeiro lugar, esta sessão solene do 25 de Abril de 2020", defendeu.

O líder do PSD agradeceu ainda aos portugueses que, durante o estado de emergência, têm continuado a trabalhar, a começar pelos profissionais de saúde e terminou o seu discurso com uma palavra de esperança.

"A unidade que a esmagadora maioria dos portugueses demonstrou na luta contra este inimigo comum permite-nos a certeza de que, tal como em muitos outros momentos da nossa História, haveremos de ultrapassar esta dificuldade com o saber e a coragem com que sempre o fizemos. Haveremos de vencer, com a mesma coragem com que, ao tempo, dobramos o Cabo das Tormentas e com elas construímos a Esperança", disse.

 

 

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