Na parte inicial debate quinzenal no parlamento, e em resposta ao líder do PSD, António Costa tinha afirmado: "Haja o que houver, a TAP continuará a voar com as cores de Portugal e continuará a cumprir missões absolutamente essenciais como assegurar a continuidade territorial, a relação com a nossa diáspora e os serviços de interesse público que presta no Continente e na ligação com as duas Regiões Autónomas".
Já na reta final da discussão, o deputado João Cotrim Figueiredo considerou que, depois de ter ouvido "a versão utilitária" sobre a TAP, por parte dos representantes do Estado, a "versão mais militante", por parte do ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, hoje ouviu uma nova de António Costa.
"Hoje ouvimos a versão poética. Haja o que houver a TAP voará com as cores nacionais? Isto está na fronteira do populismo", criticou, ironizando que Portugal "deve ter pena" de países como o Estados Unidos, a Bélgica ou a Suíça, sem companhias aéreas nacionais.
O presidente da IL desafiou ainda o primeiro-ministro a quantificar esse "haja o que houver": "Se custar dois mil milhões de euros, ou quatro ou cinco mil, vai haver TAP com dinheiro público?", questionou.
O primeiro-ministro começou por responder com ironia, agradecendo o elogio "à imagem poética".
"Ainda bem que toquei à sua emoção, depois de o ter ouvido no 25 de Abril, sei que é um homem de emoções", disse, numa referência à intervenção de Cotrim Figueiredo na sessão solene, em que leu uma carta dirigida ao filho.
Em tom mais sério, Costa reconheceu que Portugal poderia prescindir de uma companhia aérea nacional "se tivesse a dimensão do mercado interno dos Estados Unidos" ou a "posição geográfica" de países do centro da Europa.
"Haja o que houver, tendo nós a dimensão que temos, a posição geográfica que temos, a inserção geopolítica que temos, não poderemos nunca prescindir de ter uma companhia aérea que voe com as cores nacionais", reiterou.
"Desculpe a poesia, mas é mesmo isto que é ser realista", acrescentou o primeiro-ministro.
Hoje, no debate com Rui Rio, António Costa já tinha assegurado que só haverá apoio à TAP com "mais controlo e uma relação de poderes adequada".
"O Estado não meterá - nem sob a forma de forma de garantia, injeção de capital ou empréstimo - um cêntimo que seja na TAP sem que isso signifique mais controlo e uma relação de poderes adequada a esse apoio que vier a conceder", disse.
Atualmente, devido à pandemia de covid-19, a TAP tem a sua operação suspensa quase na totalidade e recorreu ao 'lay-off' simplificado dos trabalhadores.
Desde 2016 que o Estado (através da Parpública) detém 50% da TAP, resultado das negociações do Governo de António Costa com o consórcio Gateway (de Humberto Pedrosa e David Neeleman), que ficou com 45% do capital da transportadora.
Os restantes 5% da empresa estão nas mãos dos trabalhadores.