Numa pergunta entregue hoje no parlamento e dirigida à ministra da Saúde, os sociais-democratas citam uma resposta de Marta Temido, segundo a qual existem cerca de 600 camas de cuidados intensivos polivalentes de adultos.
"Um número que, todos o sabemos, é manifestamente insuficiente em face das necessidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e que, além do mais, coloca o nosso país numa situação pouco invejável em termos europeus", afirmando, apontando que o país tem 6,4 camas deste tipo por cem mil habitantes, contra as 11,5 de média europeia e as 21 na Alemanha.
Os deputados do PSD realçam que "esta insuficiência não é recente nem surgiu com a atual pandemia da covid-19" e alertam que com a recente retoma da atividade cirúrgica no SNS - com a qual concordam - "a pressão sobre as camas de cuidados intensivos aumentará significativamente no SNS, no sentido de estas voltarem a ser colocadas ao serviço também de doentes que sofrem de outras patologias".
"Neste contexto, torna-se particularmente necessário promover um significativo aumento da capacidade instalada em cuidados intensivos no SNS, designadamente pelo aumento do número de camas de cuidados intensivos e do número de profissionais de saúde a estas alocados", defendem.
"Considera o Governo suficiente e adequada a atual capacidade instalada do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em cuidados intensivos, seja em termos de número de camas seja no que se refere aos profissionais de saúde que trabalham em cuidados intensivos?", questionam, na pergunta entregue na Assembleia da República.
O PSD quer saber, em caso de resposta negativa, quantas camas e quantos profissionais de saúde - especialmente médicos e enfermeiros - pretende o Governo alocar aos cuidados intensivos e com que planeamento temporal e se o executivo pode garantir que, numa segunda fase da pandemia, esses meios "se encontrarão reforçados?".
"Qual é, efetivamente, e por instituição, o atual número de camas de cuidados intensivos no SNS? Qual é, efetivamente, e por instituição, o atual número de ventiladores nos cuidados intensivos no SNS?", perguntam.
O PSD quer ainda que o Governo esclareça qual a data prevista para "a entrega efetiva dos ventiladores que o Estado português adquiriu à China", classificando este processo de "inenarrável".
"Depois de o primeiro-ministro ter publicamente assegurado que Portugal receberia da China, até 14 de abril, mais de meio milhar de ventiladores (que custaram perto de 10 milhões de euros), a verdade é que, passado um mês sobre o prazo de entrega, tal ainda não sucedeu", referem.
Os deputados do PSD salientam que na quarta-feira foi noticiado que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, "se viu compelido a interceder junto do seu homólogo chinês pela necessidade de rápido envio dos ventiladores há muito adquiridos".
"E este atraso, se é contratualmente inaceitável, podia assumir uma gravidade ainda maior, em termos de saúde pública se, acaso, a pandemia tivesse sido mais agressiva no nosso país", apontam.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou cerca de 269 mil mortos e infetou mais de 3,8 milhões de pessoas em 195 países e territórios.
Em Portugal, morreram 1.114 pessoas das 27.268 confirmadas como infetadas, e há 2.422 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.