O constitucionalista Vital Moreira debruçou-se este domingo, num artigo publicado no blogue Causa Nossa, sobre a era pós Covid-19, apontando como uma das consequências da crise económica provocada pela pandemia a consolidação da liderança económica mundial da China, "culminando décadas de crescimento muito acima das economias mais avançadas".
Por ter controlado rapidamente a pandemia, observa o ex-eurodeputado, "a China vai sofrer um impacto económico menos negativo do que a Europa ou os Estados Unidos".
Vital Moreira sublinha que "provavelmente, tal como em 2008, embora vá sofrer redução significativa do crescimento económico", a China "nem sequer vai entrar em recessão, enquanto a Europa e os EUA vão passar por uma recessão superior à de há uma década".
O constitucionalista prevê, assim, que o "país originário da pandemia, que 'exportou' para o resto do mundo, a China parece vir a ser o País que menos sofre com ela, em termos económicos e sociais".
No entender de Vital, o triunfo económico da China "vem abalar definitivamente a benévola convicção ocidental de há três décadas, de que a queda do muro de Berlim e o desmoronamento da União Soviética marcavam o triunfo definitivo da economia de mercado e da democracia liberal".
"De facto, sem ser uma verdadeira economia de mercado - dado o estrito controlo político do Estado sobre a economia - e muito menos algo de parecido com uma democracia liberal, o modelo chinês tornou-se um formidável desafio tanto para economia de mercado como para a democracia liberal", conclui.