Na sua intervenção no debate quinzenal com António Costa, Jerónimo de Sousa questionou ainda os "alçapões" e "cláusulas travão" nas medidas de apoio à pequenas e médias empresas na sequência do surto epidémico que, na prática, "deixam de fora milhares de empresas".
O líder dos comunistas revelou que chegaram ao partido queixas de empresas e empresários que não conseguem, "numa corrida de obstáculos", ultrapassar "o balcão da segurança social, das Finanças, dos bancos" porque lhes dizem que "as linhas [de apoio] vão ser suspensas".
Logo no início, falou das "desigualdades", "injustiças" e abusos sobre os trabalhadores, com a redução de rendimentos ou "desregulação de horários", em contraponto com as multinacionais, que "se apropriam de dinheiro público recorrendo ao 'lay-off'".
O chefe do governo recorreu a números para dizer que, quanto o 'lay-off', "apenas 0,3% da totalidade" das empresas que recorreram a este apoio são "grande empresas" e que a maioria são micro e pequenas empresas, ligadas à restauração e comércio, as mais "brutalmente atingidas pela crise".
Pelo terceiro debate consecutivo, Costa recorreu aos números da Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT) para tentar provar um reforço da atuação dos fiscais.
"A ACT realizou 4.900 processos inspetivos, quatro mil visitas inspetivas, visitou 2.300 empresas, o que abrange um total de 140 mil trabalhadores" a propósito da aplicação desta medida, afirmou, admitindo que "as desigualdades acentuam-se nestes momentos de crise".
Em resposta às perguntas de Jerónimo sobre os problemas das pequenas empresas nos acesso às linhas de crédito, António Costa admitiu que há uma "grande disparidade" entre os valores aprovados pela sociedade de garantia mútua quanto às garantias do Estado e o "baixo valor de montantes" já contratados pelos bancos".
A questão, afirmou, não é o "montante global da linha de crédito, que tem 6,9 mil milhões de euros neste momento", com mais de 5 mil milhões aprovados pela sociedade de garantia mútua", e o valor contratado pelos bancos que "não chega aos 2 mil milhões de euros".
Pelo que o problema deve estar "na relação entre o banco e os seus clientes" e é isso que deve ser objeto de um esclarecimento, concluiu.