"A história da literatura portuguesa fixará o nome de Maria Velho da Costa como uma das mais fecundas e inovadores vozes da nossa ficção", assinala aquela estrutura, numa nota em que "transmite à família o seu pesar".
Na nota, os comunistas recordam o percurso da escritora que nasceu em Lisboa a 26 de junho de 1938, a sua biografia e bibliografia.
O PCP assinala que, "do acervo literário de Velho da Costa, convém reter (e ler ou reler), títulos como Casas Pardas, Da Rosa Fixa, Lucialima e esse incontornável Missa In Albis".
"Em 1969 publica Maina Mendes, reconhecido como um dos relevantes e originais romances portugueses da 2.ª metade do século XX; em 1972, com Maria Isabel Barreno e Maria Teresa Horta, assina parte dos textos de Novas Cartas Portuguesas, tendo por matriz as Cartas de Mariana Alcoforado", elenca o PCP, apontando que "Maria Velho da Costa e as outras duas escritoras estariam longe de imaginar o torvelinho que a publicação do livro iria provocar no país sisudo, amargo e triste de Salazar e Caetano".
Assinando que se seguiram "processos-crime, audiências e toda a parafernália de ações de cerco e ameaças que o poder fascista usava em casos que tais", a Direção do Setor Intelectual da Organização Regional de Lisboa do PCP salienta que a "Revolução de Abril poria fim a mais este funesto episódio".
"Novas Cartas Portuguesas" foi publicado em 1972 por Maria Teresa Horta, conjuntamente com Maria Isabel Barreno (que faleceu em setembro de 2016) e Maria Velho da Costa, que morreu sábado em Lisboa, aos 81 anos, ficando as autoras conhecidas internacionalmente como "as três Marias".
Esta obra denunciou a repressão e a censura do regime do Estado Novo, exaltando a condição feminina e a liberdade de valores para as mulheres, e valeu às três autoras um processo judicial, suspenso depois da revolução de 25 de Abril de 1974.
No percurso literário, Maria Velho da Costa foi várias vezes premiada.
Em 1997, recebeu o Prémio Vergílio Ferreira pelo conjunto da obra literária, com o romance "Lúcialima" (1983) recebeu o Prémio D. Diniz, e o romance "Missa in albis" (1988) foi Prémio PEN de Novelística.
Com a coletânea "Dores" (1994) recebeu o Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco da Associação Portuguesa de Escritores (APE) e o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos Literários.
Em 2000, a APE atribuiu-lhe o Grande Prémio de Teatro por "Madame", e o Grande Prémio de Romance, por "Irene ou o contrato social".
O último romance que publicou, "Myra" (2008), valeu-lhe o Prémio PEN Clube de Novelística, o Prémio Máxima de Literatura, o Prémio Literário Correntes d'Escritas e o Grande Prémio de Literatura dst.
Em 2002 foi galardoada com o Prémio Camões, em 2003, foi feita Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique e, em 2011, Grande-Oficial da Ordem da Liberdade.
Em 2013 recebeu o Prémio Vida Literária, da APE, afirmando, no discurso de aceitação, que a literatura não é só "uma arte, um ofício", mas também "a palavra no tempo, na história, no apelo do entusiasmo do que pode ser lido ou ouvido, a busca da beleza ou da exatidão ou da graça do sentir".