"Sem a recuperação das empresas não resolvemos os problemas sociais"

Após ter sido recebido esta terça-feira pelo primeiro-ministro em São Bento, o líder do PSD, Rui Rio, fez um balanço sobre a reunião.

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Mafalda Tello Silva com Lusa
26/05/2020 18:35 ‧ 26/05/2020 por Mafalda Tello Silva com Lusa

Política

Rui Rio

À saída de São Bento, Rui Rio destacou, esta terça-feira, que os contributos que o PSD tem para oferecer à proposta do Programa de Estabilização Económica e Social - desenhado pelo Governo na decorrência da pandemia - têm como prioridade a retoma económica. 

Sublinhando que os sociais-democratas estão "preocupados com os problemas sociais" presentes e futuros,  o presidente do PSD defendeu, em conferência de imprensa, que sem a recuperação das empresas é impossível solucionar "os problemas das pessoas". 

"Sem a recuperação das empresas não conseguimos resolver os problemas sociais", insistiu. 

Em direto para o país, Rui Rio adiantou também que ainda esta semana o partido irá divulgar as suas propostas para o programa para a "área social", que "chegarão ao conhecimento dos portugueses e do Governo". No início da próxima semana serão depois apresentados os contributos do PSD em matéria económica.

"A tempo chegarão as nossas ideias para o Governo aproveitar o que entender", acrescentou. Ainda a propósito de sugestões do partido 'laranja' para a retoma económica, o dirigente avançou apenas que as "empresas são a prioridade". 

"A fomentação das exportações e do investimento é fundamental. Há um problema com a procura externa, que se prevê que caia este ano 14% segundo os dados que nos foram disponibilizados. Obviamente, é um problema mas temos também de saber aproveitar esta oportunidade para sermos os primeiros a chegar assim que a procura externa a melhorar", sublinhou.

Ainda sobre as propostas que serão divulgadas, Rio sublinhou que não há uma ideia "que resolva tudo". "Não fazemos magia", atirou num tom de humor. 

"O PIB terá uma queda em termos reais de 7%"

O presidente do PSD revelou também que o Governo estima que as necessidades adicionais de financiamento vão atingir os 13 mil milhões de euros até ao final do ano, com o PIB a cair 7%.

"Aquilo que nos foi transmitido é que o Produto Interno Bruto (PIB) terá uma queda em termos reais de 7%, o que é muito. Será 7% se nós medirmos por aquilo que foi o PIB de 2019. Ora, com esta queda, todos os indicadores que se referenciam ao PIB vão ser piores do que é dito", advertiu o líder social-democrata.

Perante a queda do PIB nesta dimensão em 2020, o dirigente adiantou que o financiamento adicional exigível pelo Estado Português será "na ordem dos 13 mil milhões de euros".

"É efetivamente muito dinheiro. O Governo diz que tem uma estratégia no sentido de captar esses 13 mil milhões de euros que são precisos este ano para fazer face a toda a despesa", declarou o presidente do PSD.

Interrogado se há sintonia entre o PSD e as propostas do Governo constante no futuro programa de estabilização económico e social, o líder social-democrata disse que, neste momento, tem ainda dificuldade em assumir uma perspetiva nesse plano.

"Em algumas propostas, há seguramente sintonia, até porque são demasiado óbvias. Mas, quando se começa a entrar para um campo mais estratégico - e menos de resposta imediata -, isso se terá de ver se existe sintonia", respondeu.

Orçamento Suplementar (ao que tudo indica) terá apoio do PSD

Ainda em declarações aos jornalistas, Rui Rio afirmou que o PSD viabilizará ao Governo uma proposta de Orçamento Suplementar, "como tudo indica que é", que proceda à adaptação de medidas a tomar até ao final do ano para o combate à Covid-19.

"Se O Orçamento Suplementar for - como tudo indica que é - a correção do Orçamento do Estado que está neste momento em vigor, adaptando tudo aquilo que foi necessário fazer e que vai ser necessário fazer até ao fim do ano em matéria de combate à Covid-19, então contarão com o apoio do PSD. É evidente que não iríamos agora criar obstáculos a que, do ponto de vista orçamental, o país esteja preparado para o combate que estamos a ter", justificou o líder dos sociais-democratas.

Pela parte do PSD, além de Rui Rio, estiveram na reunião os dirigentes sociais-democratas David Justino e Adão Silva, com o Governo a fazer-se representar por António Costa, pelos ministros de Estado Pedro Siza Vieira (Economia), Mário Centeno (Finanças) e Mariana Vieira da Silva Presidência), e pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, Duarte Cordeiro.

O primeiro-ministro termina ao final da tarde, desta terça-feira, a ronda de audiências com os partidos com representação parlamentar na residência oficial, em Lisboa, para lhes apresentar a proposta de programa de estabilização económica e social decorrente da pandemia de Covid-19.

Depois de se reunir na segunda-feira com as direções do BE, do PAN, do PCP e do PEV, o chefe do Governo já recebeu, durante a manhã de hoje, os líderes do CDS e da Iniciativa Liberal. Após o PSD são recebidos o Chega e o PS.

Costa explicou no Parlamento que nestas audiências vão estar em foco o "programa de estabilização económica e social e o reflexo que deva ter também no orçamento suplementar que o Governo pretende apresentar na Assembleia da República" em junho.

Na quinta-feira, enquanto secretário-geral do PS, Costa revelou que o programa de estabilização económica e social do país vai prever um mecanismo de "Simplex SOS" para desburocratizar investimento e obras para a eliminação do amianto nas escolas.

A segunda dimensão do programa estará centrada nas empresas, o terceiro pilar estará relacionado com o emprego e o quarto visa responder à "dimensão social da crise e passa por prosseguir o reforço do Serviço Nacional de Saúde e da escola pública".

 

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