"No momento em que será necessário fazer uma avaliação muito cuidada daquilo que é a retoma da atividade económica que se está a processar neste período de desconfinamento, o Estado tem que assegurar mecanismos de apoio à subsistência das empresas e à subsistência dos empregos dos trabalhadores", afirmou o centrista.
O vice-presidente do CDS falava aos jornalistas no Infarmed, em Lisboa, no final de mais um encontro com especialistas sobre a "situação epidemiológica da covid-19 em Portugal", o sétimo desde o início da pandemia.
Dado que a retoma da atividade não será automática, devido às regras e restrições que a pandemia obrigou a prolongar, o CDS insiste igualmente em pedir "apoios diretos do Estado" e propõe que "as verbas que agora estão a ser negociadas no âmbito da União Europeia, devem ser canalizadas também para as empresas poderem fazer face a essas mesmas dificuldades".
António Carlos Monteiro realçou que "a grande preocupação do CDS ao longo deste processo" prende-se com a defesa do emprego e das "empresas que criam e mantêm postos de trabalho".
Por essa razão, defendeu "que o Estado não pode ter para si um padrão de comportamento que não permite aos cidadãos privados", e insistiu que o orçamento suplementar deve incluir as propostas que o CDS tem defendido, como um mecanismo de acerto de contas entre o Estado e os contribuintes ou a atualização das tabelas de IRS.
"Não é aceitável que se esteja, numa altura em que muitas empresas tiveram de parar a sua atividade ou em que não têm praticamente atividade - e especialmente estamos a falar das microempresas -, e o Estado continuar a insistir que quer receber os pagamentos por conta de receitas que não existem este ano", salientou o dirigente.
Do que ouviu na reunião, o CDS destacou como dados relevantes a situação na região de Lisboa e Vale do Tejo, que "não demonstra um comportamento semelhante ao que se está a passar no resto do país, em que está a haver claramente um decréscimo da doença", e também que a população afetada, "especialmente" nesta zona do país, "é a população mais jovem, em idade ativa".
Segundo o partido, trata-se de pessoas "que não podem recorrer ao teletrabalho, que trabalham no setor privado, e que precisam de se deslocar para os seus locais de trabalho, e que convivem fora deles com outras pessoas".
Também no final da sessão, o Presidente da República admitiu que "a fotografia" da evolução da pandemia de covid-19 no país "é favorável", mas admitiu preocupação com situação na região de Lisboa, onde tem crescido o número de infetados.
Por isso, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que o surgimento de casos na região de Lisboa e Vale do Tejo deve e vai ser ponderado nas decisões a adotar pelo Governo nos próximos dias e semanas.
Na quarta-feira, a Comissão Europeia apresentou um fundo de recuperação de 750 mil milhões de euros para minimizar os efeitos económicos e sociais da pandemia de covid-19, do qual se prevê que Portugal possa beneficiar de um total de 26,3 mil milhões de euros.
Portugal contabiliza 1.369 mortos associados à covid-19 em 31.596 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia divulgado hoje.
Relativamente ao dia anterior, há mais 13 mortos (+1%) e mais 304 casos de infeção (+1%).