"Acho que estamos perante uma boa solução, até porque o Governo estará sempre presente no diálogo que tem de ser feito, tendo em vista encontrar-se uma solução robusta para o futuro", declarou à agência Lusa Carlos Pereira, deputado do PS eleito pela Madeira.
No domingo, o primeiro-ministro confirmou que convidou o gestor da petrolífera Partex António Costa e Silva para "coordenar a preparação do Programa de Recuperação Económica", trabalho que deverá estar concluído até à aprovação do Orçamento Suplementar.
Segundo o vice-presidente da bancada socialista, "o PS tem habituado o país a chamar pessoas da sociedade, tendo em vista contribuírem e colaborarem com o partido, neste caso também com o Governo, no sentido de encontrarem soluções mais consistentes".
"Portanto, é com total naturalidade que observamos isto, porque não é um caso novo. Tendo em conta a personalidade em causa, as intervenções que faz e os desafios que temos, julgo que é relevante haver uma ponte entre a posição do Governo e a da sociedade civil de quem está fora dos partidos", disse Carlos Pereira.
O semanário Expresso noticiou no sábado que o primeiro-ministro tinha convidado o gestor da petrolífera Partex António Costa Silva para negociar o plano de retoma da economia com ministros, e que participaria igualmente em reuniões com parceiros sociais e partidos políticos.
No sábado, o BE e o CDS-PP rejeitaram qualquer negociação com uma espécie de "paraministro".
"O senhor primeiro-ministro é aconselhado por quem acha que pode fazer esse trabalho, é livre de o escolher. O Bloco de Esquerda, naturalmente, negoceia com membros do Governo, como fez até agora e como mandam, aliás, as regras da boa transparência da nossa democracia", afirmou a coordenadora bloquista, Catarina Martins, salientando que "a figura de paraministro não pode existir".
Já o CDS-PP informou que conta discutir o plano de recuperação económica do país com "Costa e Siza", numa referência ao primeiro-ministro e ao ministro da Economia, "e não com Costa Silva".
"Para discutir o plano de recuperação económica do país, o CDS conta reunir-se com Costa e Siza, e não com Costa Silva. O primeiro-ministro pode escolher com quem é que os seus ministros se aconselham, mas em matéria de governação do país o CDS deve falar com o Governo e não com quem o Governo fala", referiu no sábado o partido, em comunicado.
A Assembleia da República vai debater na generalidade, em 19 de junho, a primeira alteração ao Orçamento do Estado para 2020, relacionado com a pandemia de covid-19.