Numa pergunta dirigida ao ministro das Infraestruturas e Habitação, Joacine Katar Moreira critica a "decisão unilateral" da transportadora ferroviária espanhola RENFE, que na passada quinta feira afastou a possibilidade de recomeço a "curto-prazo" da ligação entre Madrid e Lisboa do comboio internacional Lusitânia, interrompida em 17 de março devido à pandemia de covid-19.
"Acontece que esta ligação é um serviço conjunto entre a CP [Comboios de Portugal] e a RENFE, com despesas e receitas partilhadas, pelo que a decisão não pode ser unilateral. E muito menos quando se trata de serviço público", argumenta a deputada.
Assim, Joacine pretende saber que medidas estão previstas pelas autoridades portuguesas e espanholas para contrariar a decisão da RENFE e se o executivo perspetiva "uma ligação rápida, adequada e competitiva, que seja uma real alternativa à ligação por via aérea, entre as duas capitais num futuro próximo", lembrando que 2021 é o Ano Europeu do Transporte Ferroviário.
Joacine Katar Moreira lembra ainda que o fim da ligação Madrid-Lisboa poderá "constituir o fim de uma alternativa menos poluente e uma maior dependência do transporte aéreo", colocando em causa a redução das emissões de gases até 2050 "tal como previsto no Roteiro para a Neutralidade Carbónica em 2050, aprovado pelo Conselho de Ministros a 6 de julho de 2019".
A associação ambientalista Zero manifestou na última quinta feira a sua preocupação com o anúncio da espanhola RENFE de não retomar proximamente o comboio hotel entre Lisboa e Madrid e apelou aos governos dos dois países para que não deixem terminar o serviço.