Francisco Louçã fez, esta sexta-feira, o seu habitual comentário na SIC Notícias onde versou sobre, entre outros temas, a situação da pandemia da Covid-19 que se vive, atualmente, em Lisboa e a ida a julgamento do ex-ministro Azeredo Lopes.
Começando por afirmar que "ninguém sabe" o que está a acontecer na referida Área Metropolitana em relação ao aumento do número de casos, o fundador do Bloco de Esquerda referiu que "devemos irritar-nos com os técnicos". "É preciso procurar saber [a razão de tal acontecer] e isso não aparece escrito no livro do destino".
O facto de haver mais testes não é, para o comentador, "nenhuma explicação para o aumento do número de infetados". É, aliás, "uma ótima notícia, porque só o teste permite saber quem são as pessoas infetadas".
Sublinhando que agora estão a "subir o número de testes em Lisboa", o também economista destacou que, "no pico do Norte, fizeram-se mais testes do que os que estavam a ser feitos em Lisboa".
Já sobre se está a ocorrer uma segunda vaga, Francisco Louçã é taxativo. "Isso tem muito pouco sentido. Nós estamos na primeira vaga". Outra nota mereceu também a atenção do comentador: "Em Lisboa, quando vemos o mapa das 19 freguesias que são o centro das preocupações, percebe-se que é o mapa da pobreza e das deslocações nos transportes públicos".
"O trabalho e o transporte, as condições de precariedade na vida de todos os dias, é o que determina a continuidade. Se for assim, nós vamos ter durante muito tempo pessoas infetadas", considerou ainda.
Louçã disse também haver "coisas que não sabemos", nomeadamente "porque é que noutros bairros de pessoas que também se deslocam para o trabalho não tem havido tanta contaminação", dando como exemplo a margem Sul do Tejo e outros bairros com características semelhantes a estes em Lisboa e "porque é que é só agora".
O que "é certo", na opinião de Francisco Louçã, é que "os meios de melhorar os transportes, de proteger as pessoas no trabalho, vieram, em alguns casos, tarde demais, e, noutros casos, não existem ainda".
Azeredo Lopes? "É uma derrota, mas é uma derrota esperada"
"É uma derrota, mas é uma derrota esperada. Vários arguidos, incluindo Azeredo Lopes, pediram a instrução do processo e o Juiz Carlos Alexandre decidiu levar exatamente as acusações que o Ministério Público apresentou como fundamento para este julgamento". Foi assim que Francisco Louçã reagiu, no seu espaço de comentário, à ida a julgamento de hoje do ex-ministro da Defesa no Caso Tancos.
Questionado quanto a eventuais consequências políticas, o comentador advogou que "em alguma medida tem algumas sobre o Governo, mas a decisão final do Tribunal é que terá algum peso deste ponto de vista".
"A dúvida que se pode colocar agora é se o primeiro-ministro será ou não chamado a apresentar aquilo que tem dito publicamente - que não teve conhecimento. Creio que isso acabará por acontecer", prosseguiu o comentador, acrescentando que Costa fará bem em "o mais rapidamente possível colocar a sua disponibilidade, com toda a naturalidade".