António Costa falava na abertura da reunião da Comissão Nacional do PS, num discurso em que advertiu que "a guerra contra a pandemia da covid-19 não está ganha" e em que considerou que "este não é o momento para calculismos e taticismos".
Numa alusão ao que se passou ao longo das negociações do Orçamento Suplementar para 2020, o secretário-geral do PS criticou "os joguinhos políticos à esquerda e à direita" do seu partido e disse mesmo que os socialistas "não irão aproveitar as boas sondagens para abrir uma crise política".
No plano estratégico, António Costa procurou também deixar uma mensagem clara destinada aos parceiros à sua esquerda no parlamento: "Connosco não haverá Bloco Central" PS/PSD.
Num discurso com cerca de 30 minutos, o líder socialista começou por salientar que o país enfrenta uma pandemia "global" e, em consequência, uma grave crise económica e social, sustentando depois que o seu Governo conseguiu responder na fase de emergência ao "travar o crescimento exponencial da convid-19, assegurar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde (SNS), garantir uma baixa taxa de letalidade entre os doentes e responder às múltiplas necessidades dos pontos de vista da proteção social e das empresas".
"Mas convém estarmos bem cientes de que a guerra não está ganha. A pandemia continua a ser uma ameaça e um risco. Isso significa que este não é o momento nem para calculismos políticos nem para taticismos, mas para estarmos cem por cento naquilo que é controlo da pandemia, na capacidade de resposta à proteção do emprego e rendimentos das famílias e preparar a recuperação económica e social do país", advertiu.
Ou seja, segundo António Costa, "Portugal precisa de estabilidade e os portugueses podem contar com o PS para garantir essa estabilidade".
"Já todos percebemos que à esquerda e à direita todos se preparam para começar com joguinhos políticos, mas cometem o gravíssimo erro de confundir a bolha político-mediática com aquilo que é o país real, aquilo que é necessidade das pessoas que continuam angustiadas", declarou.
Sem referir-se diretamente ao PSD, o secretário-geral do PS deixou um recado: "Já percebemos que alguns estão à espera de que a crise nos desgaste para a seguir às eleições autárquicas [em outubro de 2021] poderem pôr em causa a estabilidade".
E logo a seguir referiu-se às forças políticas à esquerda do PS, o Bloco de Esquerda, o PCP e o PEV: "Outros, vão-nos deixando sozinhos à espera que nos juntemos à direita para nos acusarem de governar à direita".
"Cada um sabe de si, nós sabemos de nós, mas gostaria que não houvesse qualquer equívoco sobre as condições de governabilidade: Que fique claro, o PS não vai aproveitar boas sondagens para provocar uma crise política e precipitar eleições, porque não temos medo de cumprir as nossas responsabilidades e de governar e gerir o país nesta situação de crise que o país enfrenta", frisou.