O Conselho Nacional da Juventude faz 35 anos, esta quarta-feira, e foi recebido por Marcelo Rebelo de Sousa no Palácio de Belém. No final do encontro, o Presidente da República recordou que a organização "nasceu num mundo diferente, numa Europa diferente, num Portugal diferente".
O chefe de Estado recordou que "o mundo em meados dos anos 80 acreditava no crescimento ilimitado, na prosperidade sem limites, na superação das crises, na globalização sem dor" e a Europa "dava passos importantes para nós portugueses em particular, com a nossa adesão a concretizar-se às comunidades europeias".
Nesta altura, o nosso país "saía de crises, tinha digerido a revolução e os primeiros momentos financeiros difíceis e aspirava a um salto no sentido do desenvolvimento sustentável".
Mas passaram 35 anos e "nós devemos, ao vosso conselho, que reúne sensibilidades, pontos de vista, organizações formações com atitudes e posições muito diferentes sobre a sociedade portuguesa, sobre a vida e sobre o mundo", destacou ainda Marcelo, acrescentando que se deve ao Conselho Nacional da Juventude "a representatividade", uma vez que "ele representou, ao longo destes 35 anos, a riqueza da juventude portuguesa, no plano político, doutrinário, social e cultural".
Em segundo, devemos também "a participação". "A participação dos jovens, que ainda é muito deficiente, aumentou nestes 35 anos. E devemos também ao concelho, o espírito aberto, de diálogo, ecuménico, que não conhece fronteiras, muros ou barreiras, conhece a tolerância e a compreensão de que somos todos diferentes. E é na diferença que reside a riqueza da democracia", frisou, reiterando os parabéns pelos 35 anos da organização.
"É verdade que já se fala num próximo surto, mas ainda não saímos do atual"
"Uma maneira era olhar para o passado e outra para o futuro", e "vocês escolheram a maneira correta que é olhar para o futuro", descreveu para o Conselho. Primeiro, "porque vocês são o futuro e, segundo, porque Portugal precisa de futuro e, num momento em que estamos a tentar sair de um surto pandémico, precisamos ainda mais de futuro, num momento em que estamos a entrar numa crise económica e social muito profunda, Portugal precisa de futuro".
Uma das necessidades apontadas pelos jovens foi a necessidade de um "plano de recuperação" que, para Marcelo, revela que "têm a noção da dificuldade vivida pelo país". "Nós ainda não acabámos de viver um surto pandémico. É verdade que já se fala num próximo surto, mas ainda não saímos do atual. É bom que isso fique claro. Ainda estamos com mais de 300 contaminados por dia no primeiro", apontou, designando que "não é que não se deva preparar o segundo, mas talvez não seja má ideia continuar a acompanhar como se tem acompanhado o que foi a mudança introduzida pelo primeiro".
E a crise económica e social "já começou". "Quando há mais 100 mil desempregados, mais de 800 mil portugueses em layoff", assim como os efeitos no turismo ou na restauração. "Acompanho a vossa preocupação no sentido em que não se pode recriminar nenhum setor da sociedade portuguesa, estamos todos no mesmo barco", não sendo justo generalizar que os "responsáveis são os do meu grupo de risco que não se defendem suficientemente, como dizer que são os jovens que desconfinam em exagero", terminou.