Na sequência da polémica que se instalou em torno da ministra Ana Mendes Godinho, que admitiu não ter lido o relatório sobre o surto no lar de Reguengos de Monsaraz onde morreram 18 pessoas, António Costa defendeu, esta terça, que "não vale a pena pedirem a demissão de um membro do Governo porque, quando não tiver confiança [num ministro], resolvo o problema".
Neste sentido, o primeiro-ministro afirmou manter "toda a confiança na ministra e no trabalho excecional que tem vindo a fazer, a enfrentar as situações de proteção do emprego, de criação de prestações sociais para responder a situações de pessoas que não tinham proteção".
Defendeu ainda António Costa que "não houve nas palavras da senhora ministra [proferidas na entrevista ao Expresso] nenhuma tentativa de desvalorização da realidade. Se se tratasse de desvalorizar, não tínhamos feito o trabalho com as entidades que gerem os lares".
Nestas declarações aos jornalistas no final de uma reunião com a Proteção Civil, o primeiro-ministro indicou, aliás, que o inquérito ao lar de Reguengos foi instaurado no dia 12 de julho e que, no dia 16 do mesmo mês, a ministra Ana Mendes Godinho estava "a apresentar os resultados ao Ministério Público".
"Não nos devemos distrair do essencial e estar com polémicas que são artificiais. Cada um deve concentrar-se a fazer o que deve fazer", sendo que ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social compete "fiscalizar e apoiar. As misericórdias e as mutualidades não são inimigos, são parceiros", vincou Costa.
O chefe do Executivo fez ainda questão de deixar uma palavra de tranquilidade aos portugueses, assumindo que "é evidente que há lares e lares, mas as misericórdias e as mutualidades estão a fazer o melhor de si próprios".
"A preocupação com lares está presente desde o primeiro minuto. Sabemos que a população idosa é vulnerável e os lares são locais de maior risco" (António Costa)As residências para idosos, admitiu, não estão preparadas para "uma situação desta dimensão (como nenhuma outra instituição) e temos estado a trabalhar em conjunto para reforçar os meios e permitir melhor trabalho em conjunto".
As situações de focos em lares "não podem ser tidas como padrão geral porque os números são muito claros e isso seria estar a criar uma situação de desconfiança, a incutir uma ideia errada. Temos de continuar a prevenir que essas situações não se multipliquem", frisou.