O presidente do PSD defendeu, esta quinta-feira, que se a pandemia se agravar no inverno, voltando a uma incidência semelhante à registada em março, "Portugal não tem condições para fechar portas outra vez".
"Portugal não aguenta. (...) A economia portuguesa não tem condições de fazer aquilo que foi feito em março, que foi encerrar e por toda a gente em casa. Não aguentamos porque, pura e simplesmente, não existirão apoios sociais para as pessoas. Não havendo produção não é possível. Tudo isto tem um limite", frisou Rui Rio, em declarações aos jornalistas, no Porto.
Quanto a possíveis contrações de empréstimos no futuro para combater uma possível crise económica, o dirigente social-democrata alertou que teriam de ser pagos "depois lá mais para a frente", o que seria "desastroso".
"Temos de criar condições para que a economia não pare como parou e devemos utilizar os conhecimentos técnicos do ponto de vista da saúde pública, entretanto adquiridos, para conseguirmos uma resposta eficaz", defendeu.
Rui Rio reiterou também que o país deve focar-se, por isso, num "plano de recuperação muito assente no investimento e na exportação ou na substituição de importações, cujo o efeito é mais ou menos a mesma coisa". "Por mais vontade que tenhamos de ajudar as pessoas, só serão verdadeiramente ajudadas se a economia começar a recuperar. Não há outra forma", argumentou.
Número real de desemprego no país? "Muito mais alto, de certeza"
Quanto ao aumento do número de desempregados inscritos no IEFP (407 mil em junho), o presidente do partido 'laranja' considerou que o número real do desemprego no país, neste momento, será "muito mais alto, de certeza".
"Tendo em conta a quantidade enorme de pessoas que ainda estão em lay-off, desse total, quantas é que vão passar para o mercado de trabalho e quantas é que vão para o desemprego porque as suas empresas não vão conseguir subsistir?", questionou Rui Rio, recordando ainda que apesar do setor do turismo ser de "longe o mais afetado", não nos "podemos esquecer de todos os outros setores que são fornecedores do turismo e que também são afetados".
Para o dirigente do PSD só daqui a "uns meses" é que será possível averiguar um número mais aproximado da realidade, "que será sempre um valor muito mais alto". "Não vale a pena estarmos excessivamente preocupados pelo número [do desemprego] ser um pouco mais alto porque vai ser seguramente alto no futuro e, por isso, temo-nos de preparar para essa realidade", sustentou.