Marta Temido garantiu, esta segunda-feira, durante a conferência nacional do PS, em Coimbra, que a Linha SNS24 está preparada "caso volte a ser necessário escalar este tipo de resposta".
Num momento em que o partido socialista debate o futuro do país, a ministra da Saúde destacou o reforço da Linha SNS24 como um exemplo de uma estrutura que, inicialmente, não estava preparada para um contexto pandémico e que se adaptou com sucesso às necessidades da população.
"Chegámos a ter mais de 25 minutos de espera de atendimento de uma chamada na Linha SNS24 e hoje registamos tempos médios de menos de 30 segundos e há dias que ficamos perto dos 20 segundos ou até mesmo de menos de 20 segundos", recordou.
Para chegar a estes números, a governante destacou que foi realizado "um trabalho imenso" que permitiu passar de uma sobreutilização da linha telefónica, "que não estava dimensionada para uma resposta à Covid-19", para uma resposta eficaz à prevenção, combate e identificação da doença. "Foi preciso reforçar em termos de infraestrutura tecnológica, de recursos humanos e da criação de um algoritmo específico", detalhou, lembrando que em fevereiro foram registadas cerca de 5.600 chamadas por dia e que no mês seguinte foram confirmadas pelo menos 12.300 chamadas.
Ainda a falar para a família socialista no Convento São Francisco, a ministra da Saúde invocou outras medidas tomadas pela tutela contra a Covid-19, sublinhando a importância da criação da linha de apoio psicológico. Recordando que as questões da saúde mental já eram uma prioridade da atual legislatura, Marta Temido apontou que estas tiveram de ser reforçadas tendo em conta as necessidades das pessoas, que se focaram mais no "desconforto emocional, nas sensações de fragilidade e incerteza" trazidas pela pandemia.
"Mas houve mais". Para a governante outra grande conquista deste ano centrou-se na capacidade laboratorial de despistagem da Covid-19. "Houve um aumento exponencial da capacidade laboratorial, com o país a passar de um laboratório [de realização de testes de despistagem para a Covid-19] para aquilo que hoje é uma rede, uma malha que abrange 100 laboratórios, entre públicos, privados e a academia, que foram fundamentais para a capacidade de resposta do SNS", elogiou a ministra, recordando que na passada sexta-feira, o país atingiu dois milhões de testes realizados à Covid-19.
As lições da pandemia e o desempenho do SNS
Ainda numa avaliação sobre a resposta do Executivo à pandemia, Marta Temido concluiu que o SNS garantiu "cabalmente" a resposta às necessidades assistenciais dos portugueses nos primeiros seis meses do surto da Covid-19. Como "primeira lição", a ministra da Saúde assinalou que "não devemos voltar a ignorar que vale mesmo apena apostar em serviços de saúde públicos, de caráter universal, geral e pago por impostos".
"A segunda lição é a de que Portugal está mais bem preparado para enfrentar a próxima fase [da pandemia], tem mais recursos, mais organização, mais experiência e mais conhecimento", frisou.
Salientando que o país tem pela frente "um contexto complexo", à semelhança da Europa, por causa do regresso às aulas presenciais e da gripe sazonal, Marta Temido realçou que é necessário continuar a apostar na prevenção e "garantir outras respostas de saúde além da Covid-19".
Ministério quer investir 33,7 milhões de euros na recuperação da atividade assistencial
A este propósito, reiterou a intenção do ministério de investir 33,7 milhões de euros na recuperação da atividade assistencial, alocando 7,7 milhões às primeiras consultas perdidas e 26 milhões na atividade em doentes em Lista de Inscritos para Cirurgia acima do Tempo Máximo de Resposta Garantida (TMRG).
Marta Temido reiterou ainda a intenção do Governo em reforçar a capacidade de cuidados intensivos com um investimento de 26 milhões de euros, "garantindo a parte que falta daquilo que já fizemos", no âmbito da Estratégia Integrada outono/inverno do Governo contra a pandemia da Covid-19.
"Já adquirimos um conjunto significativo de equipamentos de ventilação mecânica e não só, mas precisamos de complementar a sua disponibilização com equipamentos e infraestruturas de suporte", referiu a ministra, salientando que o número de ventiladores vai chegar aos 1.100.
Os valores, inscritos no Plano de Estabilização Social e Económica, pretendem "não só garantir que Portugal fica com capacidade de resposta à pandemia, como para garantir que fica com capacidade de ter um número de camas de cuidados intensivos por 100 mil habitantes que alinha com a média europeia (11,5 camas)".
A estratégia do ministério da Saúde passa ainda por um investimento de 8,4 milhões no reforço da capacidade laboratorial, de forma a se atingir a realização de 20 mil testes diários à Covid-19.
A ministra da Saúde anunciou ainda que, dentro de dias, vai estar em consulta pública o regulamento do projeto Bairros Saudáveis, aprovado em junho em Conselho de Ministros, para promoção da saúde pública, com um investimento de 10 milhões de euros.
A iniciativa visa apoiar projetos de promoção de saúde e de qualidade de vida apresentados por associações, organizações não governamentais, movimentos cívicos e organizações de moradores com as autarquias e as autoridades de saúde.
"Sabemos que o financiamento é de um valor relativamente reduzido face à dimensão do que é preciso mudar, mas que é um primeiro sinal daquilo que seja o apoio a projetos de promoção da saúde e da qualidade de vida apresentados pelos próprios que vão beneficiar", sublinhou.