No dia em que foram divulgadas as medidas sanitárias impostas pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para a Festa Avante! e revelado o plano de contingência do PCP para o evento, Miguel Sousa Tavares defendeu que "transparece a ideia de que o Governo usou a Festa do Avante! para efeitos políticos", designadamente, para "chamar o PCP às negociações sobre o Orçamento" do Estado para 2021.
No seu espaço habitual de comentário no Jornal das 8, na TVI, o ex-jornalista começou por apontar que a DGS "esteve muitíssimo mal" e que passou a ideia de que só divulgou esta segunda-feira "excepcionalmente" o parecer sobre o evento comunista devido à pressão exercida por Marcelo Rebelo de Sousa.
"As regras aplicadas ao Avante! eram secretas e ninguém sabe porquê", atirou o comentador, reiterando que a autoridade de saúde "andou muito mal".
Mais, para Sousa Tavares, a realização do Avante! sob as orientações agora reveladas deixa "o próprio partido entalado". "Planearam para uma dimensão e afinal têm outra", argumentou, referindo-se à diminuição para cerca de metade da lotação prevista pelo PCP, que incialmente tinha apontado para 33 mil pessoas e que agora viu a entrada para o evento reduzida para cerca de 16.500 participantes.
Quanto à posição manifestada pelos comunistas, Sousa Tavares considerou que o partido demonstrou uma "absoluta falta de senso de previsão política": "Isto vai-se virar contra o partido (...) Vê-se pela própria população do Seixal", que já garantiu que irá fechar portas de vários estabelecimentos comerciais e de restauração durante o próximo fim de semana.
"Vai-lhe [PCP] custar votos, popularidade e prestígio", conjecturou.
A 44.ª edição da Festa do Avante!, que se realiza entre 4 e 6 de setembro, só vai ter lugares sentados nos diversos espetáculos, incluindo no maior e principal palco denominado 25 de Abril, segundo o Plano de Contingência esta segunda-feira divulgado pelo PCP.
A organização da Festa do Avante! "tem a responsabilidade" de aplicar várias medidas para reduzir o risco de infeção e para a saúde pública por propagação da doença Covid-19 durante o evento, afirma o parecer da DGS esta segunda-feira divulgado.
No seu parecer técnico sobre a realização da Festa do Avante! deste ano, a DGS refere que a tipologia do evento "acarreta diferentes riscos" e a organização "tem a responsabilidade de aplicar medidas de redução de risco e de cumprir, promover e garantir o cumprimento da legislação vigente aplicável, bem como das normas, orientações e recomendações da DGS, durante todo o período de duração do evento, atendendo ao risco existente de infeção por Sars-Cov-2 e ao risco para a saúde pública por propagação da doença Covid-19".