João Ferreira é o candidato do PCP nas eleições presidenciais de 2021, anunciou hoje o secretário-geral do partido, Jerónimo de Sousa.
"Esta será a candidatura para dar voz ao projeto e valores de Abril, à defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo e à afirmação da igualdade e justiças sociais de soberania e dependência nacionais", começou por dizer o líder comunista.
Tendo em conta a "importância das próximas eleições presidenciais, no enquadramento nacional e internacional", o PCP "intervirá de forma autónoma e independente, empenhando-se em colocar na Presidência da República alguém comprometido na palavra e nos atos com a lei fundamental do país", assegurou Jerónimo de Sousa.
A política de direita levada a cabo durante as últimas décadas pelo PS, PSD e CDS, aponta, "tem as consequências que são conhecidas na situação do país, no agravamento das injustiças e desigualdades sociais, no aprofundamento dos seus défices estruturais e perda de soberania".
Para o secretário-geral do PCP, sob esta política, o país "tornou-se crescentemente mais dependente, injusto, desigual, menos democrático" e "exige uma intervenção, que tem faltado, firme, determinada, corajosa, de quem exerça as funções da Presidência da República".
O mandato do atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, critica Jerónimo de Sousa, "para lá do seu ativismo, é marcado pelo seu empenhamento no processo de rearrumação de forças políticas, posto em causa, para branquear o PSD, a política de direita e as suas responsabilidades, reabilitá-lo politicamente e reconduzi-lo para um papel de cooperação intensa com o PS, que procura assegurar as condições para a chamada política de Bloco Central".
O líder do PCP acusou Marcelo de ter falhado na defesa da Constituição e deu o exemplo da promulgação das alterações à legislação laboral, leis que levaram ao despedimento e à precarização de trabalhadores.
Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de o eurodeputado João Ferreira desistir para dar força a uma das outras candidaturas de esquerda, o secretário-geral garantiu que "a candidatura é para ir até ao fim".
Sem dizer o que aconteceu na reunião do Comité Central, revelou que o documento sobre as eleições e o candidato às presidenciais foi aprovado "por unanimidade".
O secretário-geral do PCP não fixou fasquias para o resultado de João Ferreira, sem comparar com o resultado de há cinco anos de Edgar Silva (3,95%) nem com os 8,95% conseguidos pelo próprio Jerónimo, em 2006. "Não fizemos essas contas", disse, afirmando que os comunistas estão "conscientes das dificuldades, da batalha exigente que tem que ser travada por João Ferreira", acrescentando, porém, que o eurodeputado "vai contar com algo importante": "Todo o nosso coletivo partidário."
João Ferreira, é biólogo, tem 41 anos, e é eurodeputado do PCP e vereador da CDU na Câmara de Lisboa.
A seis meses do fim do mandato do atual Presidente da República, são já oito os pré-candidatos ao lugar de Marcelo Rebelo de Sousa.
São eles o deputado André Ventura (Chega), o advogado e fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan Gonçalves, o líder do Partido Democrático Republicano (PDR), Bruno Fialho, a eurodeputada e dirigente do BE Marisa Matias, a ex-deputada ao Parlamento Europeu e dirigente do PS Ana Gomes, Vitorino Silva (mais conhecido por Tino de Rans), o ex-militante do CDS Orlando Cruz e o eurodeputado do PCP João Ferreira.
[Notícia atualizada às 19h28]