"Claramente, no mundo ninguém estava preparado para esta pandemia"
A ministra da Saúde e a ministra do Trabalho estão esta quarta-feira a ser ouvidas no Parlamento sobre os surtos de Covid-19 em lares de idosos.
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Política Pandemia
Assumindo que os lares "em todo o mundo têm sido a grande preocupação das em termos de vulnerabilidade em função do momento em que vivemos", a ministra do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social, Ana Mendes Godinho, reafirmou que ninguém, em qualquer parte do globo, estava preparado para enfrentar a Covid-19.
"Claramente, no mundo ninguém estava preparado para esta pandemia", disse, no arranque da audição conjunta com a ministra da Saúde. Nesse sentido, "os lares também não estavam preparados", afirmou.
"Desde o momento zero, identificando os lares como locais a que devíamos preocupação adicional", o Governo criou uma equipa conjunta entre o Ministério da Segurança Social e o Ministério da Saúde para "planear, programar, antecipar, identificar problemas e encontrar medidas de reforço para prevenir surtos", disse Ana Mendes Godinho.
A governante disse que em Portugal há 2.527 lares com 99.500 pessoas, 60% destas têm mais de 80 anos. No total nacional, atualizou, há 35 surtos de Covid-19 ativos em lares. "Claramente, a nossa preocupação foi, desde março, criar uma task-force de acompanhamento da situação de implementação de um programa integrado de prevenção", defendeu, afirmando que se trata de um trabalho a nível dos dois ministérios, que tem uma equipa "a monitorizar permanentemente" a situação.
A ministra destacou também a realização de cerca de 117 mil testes aos trabalhadores das instituições, a implementação de um plano de visitas conjuntas da Segurança Social, Ministério da Saúde e Proteção Civil, a criação de unidades de retaguarda em conjunto com as autarquias e o reforço dos equipamentos de proteção individual (foram distribuídos 1 milhão e 300 mil EPI's nas instituições).
Em seis meses, realçou também, "foram colocados de uma forma extraordinária 8 mil recursos humanos de reforço, precisamente porque, como sabemos, quando existem surtos deixamos de ter trabalhadores", enalteceu, elogiando a mobilização da Cruz Vermelha e de voluntários e de um programa especial criado pelo IEFP.
A implementação desse programa, destacou ainda Ana Mendes Godinho, envolveu também o setor social (Cáritas e Cruz Vermeha Portuguesa). "O nosso objetivo foi encontrar formas de apoiar as instituições a fazerem face a um momento particular e dramático em termos de capacidade de resposta", sustentou.
Na sua intervenção, a ministra do Trabalho anunciou que está previsto um reforço das 18 brigadas de prevenção espalhadas por todos os distritos do país, a criação de uma linha telefónica de apoio aos lares que irá funcionar 24 horas por dia e sete dias por semana, além de testagem de trabalhadores com critérios de níveis de risco.
A governante referiu ainda que um dos problemas nos lares, como aconteceu em Reguengos de Monsaraz, foi ficarem sem recursos em termos de trabalhadores uma vez que também estes são infetados e são obrigados a ficar em casa. "A segurança social em Reguengos, logo no dia 19, mal teve conhecimento da situação, teve que mobilizar recursos excepcionais", lembrou.
Lares são "prioridade total desde março"
"A preocupação tem sido nunca baixar braços", assegurou Ana Mendes Godinho, garantindo que tem sido a sua "prioridade total desde março" este trabalho conjunto "para ajudar as instituições a fazer face ao momento que vivemos".
As duas governantes prestam esclarecimentos numa audição conjunta nas comissões parlamentares de Saúde e de Trabalho e Segurança Social na sequência de requerimentos apresentados pelo CDS-PP, PSD e pelo Pessoas-Animais-Natureza (PAN), que foram aprovados por unanimidade no passado dia 03 de setembro pela Comissão de Trabalho e Segurança Social.
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