"Não dava nenhum contributo ao país se viesse aqui destruir tudo"
O presidente do PSD defendeu hoje que "o grosso" do Plano de Recuperação e Resiliência tem de estar virado para as empresas e recusou fazer um discurso destrutivo sobre o documento, para o qual prometeu olhar com "racionalidade e equilíbrio".
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Política Rui Rio
No final da reunião com o primeiro-ministro, António Costa, em São Bento, sobre o Plano de Recuperação e Resiliência a apresentar por Portugal na União Europeia, Rui Rio foi questionado se, como outros partidos hoje referiram, saía desalentado do encontro.
"Se o PSD se comportasse a olhar para o seu próprio interesse fazia um discurso desses, dizia que era impensável e estava tudo errado, mas o PSD está preocupado com a construção do país. Temos de olhar para este documento com racionalidade e equilíbrio, haverá coisas que, na nossa ótica, estarão bem e outras que estarão menos bem", afirmou.
O líder do PSD recordou que o partido vai apresentar em breve a sua própria visão para a recuperação do país e admitiu que, se haverá pontos coincidentes com o documento do Governo até pelas imposições de Bruxelas, poderá haver prioridades diferentes.
"Mas não dava nenhum contributo ao país se viesse aqui destruir tudo e dizer que está tudo mal", reforçou.
Para Rui Rio, as verbas que virão de Bruxelas terão de assegurar uma "resposta de curto prazo, mas sobretudo de longo prazo" para a economia portuguesa.
"Por isso, o grosso do objetivo tem de ser virado para as empresas, porque são as empresas que geram produção e são as empresas que pagam salários, sem querer esquecer a componente pública, que é complementar, mas no núcleo central têm de estar as empresas", afirmou, acrescentando que, dentro das empresas, a aposta terá de centrar-se sobretudo nas mais para a exportação e investimento.
Para Rui Rio, só com uma economia mais competitiva Portugal poderá pagar melhores salários.
"O que pretendemos é que - não é amanhã, mas no médio e longo prazo - Portugal pague melhores salários e tenha uma classe média mais robusta, quanto mais forte e mais for a classe média mais desenvolvido será o país", disse.
Questionado se o esboço do plano que lhe foi apresentado tem essa componente forte voltada para as empresas, Rio admitiu que "provavelmente menos" do que o PSD desejaria, mas remeteu para mais tarde uma análise mais detalhada.
"Não há uma gaveta para as empresas, está dividida por várias. Dá-me ideia que não há um objetivo claro de privilegiar o apoio às empresas privadas viradas para a exportação, mas não digo que está esquecido", ressalvou.
Questionado como se pode traçar um plano para o futuro do país sob uma situação ainda de muita incerteza no que diz respeito à evolução da pandemia de covid-19, Rio respondeu": "Mas não temos outra alternativa".
"Nós não podemos voltar a dar a resposta à pandemia igual à que demos em março e abril, não é possível, o país simplesmente não aguenta", referiu.
O líder do PSD admitiu que "talvez já se possa classificar como uma segunda vaga que terá vindo mais cedo" o atual aumento de casos e defendeu que a prevenção terá de ser feita sobretudo com base nos comportamentos individuais.
"Comportamentos individuais sim, mas as lojas fecharem todas, os restaurantes fecharem todos, infelizmente não é possível, não acumulámos riqueza suficiente que nos permita fazer isso", apontou.
Questionado se o PSD apresentou já alguma proposta concreta ao Governo no âmbito do que será o seu programa de recuperação, Rio respondeu negativamente, dizendo que apenas se comprometeu a apresentar o documento "dentro de poucos dias", provavelmente no início de outubro.
O PSD foi o último partido a ser recebido pelo primeiro-ministro em São Bento, depois de uma série de audiências que se iniciaram às 10:00 e incluíram todos os partidos com assento parlamentar, à exceção do PS.
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