OE2021: BE não cenariza "impossíveis", apesar de "impasses negociais"
Coordenadora do Bloco de Esquerda espera que seja possível chegar a um entendimento com o PS sobre o Novo Banco e sublinha que "ninguém compreenderia que o PS quisesse criar uma crise política no país porque quer dar dinheiro à Lone Star sem investigar sequer o que se está a passar".
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Política OE2021
Catarina Martins voltou a enfatizar, este domingo, as exigências do Bloco de Esquerda relativamente ao Novo Banco, referindo que o país "não compreenderia" se o PS "quisesse criar uma crise política no país porque quer dar dinheiro à Lone Star sem investigar sequer o que se está a passar".
Questionada pelos jornalistas, após a reunião da mesa nacional do partido, se o PS não colher a exigência relativamente ao Novo Banco, o BE chumba o Orçamento do Estado para o próximo ano, a bloquista atirou: "Estamos muito empenhados em criar soluções e eu não vou começar a cenarizar impossíveis. Estamos a trabalhar para o que é possível".
"Julgo que ninguém compreenderia que o PS quisesse criar uma crise política no país porque quer dar dinheiro à Lone Star sem investigar sequer o que se está a passar, que é algo que, ainda por cima, tem ampla maioria no Parlamento, porque já todos os partidos reconheceram que o que está a acontecer no Novo Banco não é normal e que é preciso dizer à Lone Star para prestar contas", acrescentou a coordenadora do BE.
Catarina Martins disse ainda que regista "impasses negociais" em várias propostas, "tanto nas matérias de proteção social, como nas matérias laborais como nas da saúde, como nas do Novo Banco". "Mas continuamos a fazer a proposta e esperamos que seja possível chegar a um entendimento", assegurou.
O Bloco de Esquerda, recorde-se, quer impedir que sejam feitas novas injeções no Novo Banco, nem mesmo através de transferências por parte da banca para o Fundo de Resolução como propõe o Governo, por entender que tal implica igualmente o dinheiro dos contribuintes.
"É óbvio que se há indícios muito fortes de que há um acionista do Novo Banco, chamado Lone Star, que está a gerir o banco de maneira a que ter perdas e a prejudicar o acionista minoritário que é o Estado, o que o Estado tem de fazer primeiro é investigar o que se está a passar", afirmou hoje Catarina Martins, enfatizando que "não há nada, do ponto de vista contratual, que diga que quando um acionista está a ser assaltado por outro, não faz nada". A dirigente do partido apelidou esse cenário de "absurdo".
"Temos pelo menos que chegar à conclusão que não se pode permitir nenhuma injeção de forma nenhuma, enquanto não se consegue investigar o que é que a Lone Star está a fazer no Novo Banco", insistiu, considerando esse o caminho para proteger o erário público, o próprio Novo Banco e até o sistema financeiro como um todo. "Esta é uma exigência que nos parece que é a mais sensata e a mais urgente para defender o país", notou.
Questionada sobre os anúncios feitos na sexta-feira pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares em matéria laboral - como uma moratória para a caducidade das contratações coletivas por 18 meses -, a líder do BE salientou que se trata apenas de um adiamento e que o Governo não se tem mostrado disponível para qualquer "alteração estrutural" na legislação laboral.
"Há matérias em que é incompreensível que o PS e o Governo não tenham vontade de negociar", afirmou, apelando ao executivo para que não recue no compromisso em matéria de Salário Mínimo Nacional (SMN).
À pergunta se o BE se vê obrigado a viabilizar o Orçamento do Estado num momento em que o país vive uma pandemia, Catarina Martins respondeu que o partido "não quer uma crise política, mas quer soluções".
"Existe uma crise social, económica e sanitária a que o país deve dar reposta. O que seria estranho é que o PS quisesse criar uma crise orçamental por não querer cumprir o compromisso sobre o salário mínimo, não querer repor as compensações pelos despedimentos ou que achasse normal o Serviço Nacional de Saúde não ter mais médicos", contrapôs.
A proposta de Orçamento do Estado para 2020 deve ser entregue na Assembleia da República em 12 de outubro.
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