"O Bloco quer muito que haja acordo" para um OE que "responda ao país"

A coordenadora do Bloco de Esquerda disse esta segunda-feira aos jornalistas, à margem de uma visita ao centro hospitalar universitário do Algarve, que o Bloco de Esquerda quer muito que haja um acordo com o PS para viabilizar o OE2021, mas exige que seja um "bom orçamento" com medidas que respondam efetivamente aos problemas do país.

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Melissa Lopes
19/10/2020 12:15 ‧ 19/10/2020 por Melissa Lopes

Política

Catarina Martins

"O Bloco quer muito que haja acordo. Nós queremos o bom orçamento. Para o BE, o mais importante de tudo é que haja um Orçamento que responda às necessidades do país e é para isso que temos trabalhado todos os dias, com muita seriedade, propostas e cabeça fria", afirmou esta segunda-feira Catarina Martins, em declarações aos jornalistas em Faro, um dia antes de reunir com o Governo sobre o OE2021. 

Questionada pelos jornalistas até onde é que o Bloco de Esquerda pode ceder para alcançar um acordo para a viabilização do Orçamento do Estado, Catarina Martins respondeu que não se trata de saber onde é que o seu partido pode ceder.

"Trata-se de saber se construímos soluções para um Orçamento para o país. O BE apresentou as suas prioridades há muito tempo, e uma delas é seguramente a saúde",  destacou, sublinhando que o SNS não pode "continuar a perder mil médicos a cada ano". "Precisamos muito de um SNS que responda à população", reforçou. 

Outra das prioridades do Bloco de Esquerda "é, seguramente, prevenir a vaga de despedimentos". "Estou no Algarve, pergunto-me como é que serão os próximos meses". Frisando que a pandemia não vai acabar daqui a duas semanas e que há muitos setores da economia que vão ter uma repercussão, infelizmente, muito longa", Catarina Martins questiona: "Como é que acompanhamos as vítimas da crise?", respondendo de seguida: "Não pode ser com anúncios, tem que ser com medidas concretas". 

No entender da coordenadora do BE, as medidas que o partido defende, a que se junta a questão do Novo Banco (proibição da injeção de dinheiro na Lonestar que "acabam sempre os contribuintes a pagar"), "são medidas fundamentais para termos um Orçamento que é capaz de responder num momento difícil"

O Bloco, acrescentou, "não diz que tem que ser esta ou aquela medida". "Mas diz que têm de ser respostas concretas para a vida das pessoas", respostas essas que o Bloco desenhou "sempre com o mesmo objetivo de construir soluções", reiterou, atirando ainda: "Daqui a seis meses o SNS vai estar capaz de responder à população? Isso é que conta. Daqui a seis meses, as pessoas que continuam sem trabalho ou que entretanto perderam o trabalho, como é que as apoiamos? Como é que os fundos europeus vão ser gastos? Vamos exigir contrapartidas de emprego?"

Sobre a gestão concreta da pandemia, Catarina Martins defendeu que devia existir em Portugal, como há noutros países, uma comissão técnica e científica de acompanhamento permanente da situação epidemiológica, que vá estudando o desenvolvimento de casos e vá fazendo propostas.

"Essa articulação é muito importante e a única forma de acabar com anúncios, às vezes um pouco até contraditórios e que causam apreensão e dificuldade de compreensão", disse, sustentando que para haver proteção na saúde pública "toda a população tem que colaborar, todo o país tem de perceber as medidas e as acompanhar". 

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