"O Bloco quer muito que haja acordo. Nós queremos o bom orçamento. Para o BE, o mais importante de tudo é que haja um Orçamento que responda às necessidades do país e é para isso que temos trabalhado todos os dias, com muita seriedade, propostas e cabeça fria", afirmou esta segunda-feira Catarina Martins, em declarações aos jornalistas em Faro, um dia antes de reunir com o Governo sobre o OE2021.
Questionada pelos jornalistas até onde é que o Bloco de Esquerda pode ceder para alcançar um acordo para a viabilização do Orçamento do Estado, Catarina Martins respondeu que não se trata de saber onde é que o seu partido pode ceder.
"Trata-se de saber se construímos soluções para um Orçamento para o país. O BE apresentou as suas prioridades há muito tempo, e uma delas é seguramente a saúde", destacou, sublinhando que o SNS não pode "continuar a perder mil médicos a cada ano". "Precisamos muito de um SNS que responda à população", reforçou.
Outra das prioridades do Bloco de Esquerda "é, seguramente, prevenir a vaga de despedimentos". "Estou no Algarve, pergunto-me como é que serão os próximos meses". Frisando que a pandemia não vai acabar daqui a duas semanas e que há muitos setores da economia que vão ter uma repercussão, infelizmente, muito longa", Catarina Martins questiona: "Como é que acompanhamos as vítimas da crise?", respondendo de seguida: "Não pode ser com anúncios, tem que ser com medidas concretas".
No entender da coordenadora do BE, as medidas que o partido defende, a que se junta a questão do Novo Banco (proibição da injeção de dinheiro na Lonestar que "acabam sempre os contribuintes a pagar"), "são medidas fundamentais para termos um Orçamento que é capaz de responder num momento difícil".
O Bloco, acrescentou, "não diz que tem que ser esta ou aquela medida". "Mas diz que têm de ser respostas concretas para a vida das pessoas", respostas essas que o Bloco desenhou "sempre com o mesmo objetivo de construir soluções", reiterou, atirando ainda: "Daqui a seis meses o SNS vai estar capaz de responder à população? Isso é que conta. Daqui a seis meses, as pessoas que continuam sem trabalho ou que entretanto perderam o trabalho, como é que as apoiamos? Como é que os fundos europeus vão ser gastos? Vamos exigir contrapartidas de emprego?"
Sobre a gestão concreta da pandemia, Catarina Martins defendeu que devia existir em Portugal, como há noutros países, uma comissão técnica e científica de acompanhamento permanente da situação epidemiológica, que vá estudando o desenvolvimento de casos e vá fazendo propostas.
"Essa articulação é muito importante e a única forma de acabar com anúncios, às vezes um pouco até contraditórios e que causam apreensão e dificuldade de compreensão", disse, sustentando que para haver proteção na saúde pública "toda a população tem que colaborar, todo o país tem de perceber as medidas e as acompanhar".