Jerónimo de Sousa criticou esta segunda-feira, à saída da audiência com o Presidente da República, as medidas do Governo que, nomeadamente, proíbem as feiras e mercados "a céu aberto, com menos risco de infeção". O Governo esclareceu, entretanto, que as feiras podem funcionar cumprindo as regras, desde que as autarquias o permitam.
O líder do PCP deu também o exemplo da proibição de circulação entre concelhos, em vigor até à próxima quarta-feira, que levou a que acumulasse 17 quilómetros de fila, na sexta-feira, na ponte Vasco da Gama. "Para quê? Qual foi o efeito de combate à epidemia?, questionou.
Estes são dois exemplos de medidas que, no ponto de vista do PCP, "são erradas" e que "o chamado Estado de Emergência não resolve".
"Foi esse o nosso posicionamento (...) Não são precisas mais barreiras de automóveis, são precisas mais camas, são precisos mais meios para o SNS, são precisos mais profissionais". É aí que "está a resposta" e não "medidas que não têm sentido nem aplicabilidade", defendeu Jerónimo de Sousa.
Assim, o PCP considera ser desnecessário um novo Estado de Emergência. "Não acompanhamos, por sentir que é desnecessário. Se alguém pensa que criando o Estado de Emergência, os problemas vão ser resolvidos, estão enganados. Não é pela repressão, é pela via da proteção".
Em relação às medidas, Jerónimo de Sousa disse entender como fundamental que se explique bem aos portugueses. "Se compreenderem, aceitam as medidas que beneficiam a sua saúde". "Não é com esses cenários desse chapéu do Estado de Emergência que encontramos as resposta necessárias".
O Governo propôs hoje ao Presidente da República que seja declarado um novo Estado de Emergência no âmbito do combate à pandemia, com uma natureza "essencialmente preventiva" de modo a eliminar possíveis dúvidas jurídicas acerca de medidas que o Governo considere necessárias tomar.
Ao longo do dia, e depois da audiência com António Costa, Marcelo tem estado a receber todos os partidos com representação parlamentar para discutir o eventual novo Estado de Emergência.
O PSD, cuja audiência com o Governo decorrerá esta tarde em videocoferência, já disse que não se opunha, afirmando estar sempre do lado da solução. Também o CDS manifestou estar a favor de um Estado de Emergência "minimalista". O Bloco de Esquerda, por sua vez, considera que não seria necessário avançar para um Estado de Emergência, mas só vai tomar uma decisão depois de analisar com cuidado o decreto.