"O teletrabalho pode ser um caso de sucesso. E, se for um caso de sucesso, o teletrabalho será o grande vencedor desta crise", defende, num texto incluído no livro "O Estado de Portugal -- Desafios de Futuro", organizado pela Juventude Popular (estrutura que representa os jovens do CDS) e que será lançado na quarta-feira, no Porto.
José Ribeiro e Castro sublinha que, "em inúmeras empresas na área dos serviços, o trabalho domiciliário explodiu" e que, se numa primeira fase é "possível que tenha havido muitos abusos", com o tempo, "também esses controlos se afinaram e a responsabilidade à distância cresceu".
O livro compila textos de personalidades do CDS - como os também antigos presidentes Adriano Moreira e Manuel Monteiro, o antigo secretário-geral Pedro Morais Soares ou o antigo vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes - mas também de responsáveis da sociedade civil, como a bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, o presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Eduardo Oliveira e Sousa, do presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, ou do presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), Lino Maia.
No seu texto, intitulado "ao 206.º dia da pandemia, reflexões sobre a família e o resto", Ribeiro e Castro considera que "é no mundo do trabalho que a grande revolução pode estar a acontecer", uma vez que a tecnologia permite às pessoas estarem "muito perto, mesmo estando longe".
Apontando que o teletrabalho "poderá melhorar a vida das pessoas e das famílias", o também antigo deputado elenca os benefícios: "poupam-se quilómetros, filas intermináveis, apertos nos comboios e metro à hora de ponta, nas deslocações quotidianas casa-trabalho, trabalho-casa, poupa-se stress urbano, ganham-se horas de vida pessoal e familiar".
"É facto que, na generalidade das áreas, o teletrabalho não elimina a necessidade de ir à empresa - e ainda bem. Conhecermo-nos e vermo-nos é insubstituível. Mas reduz essa necessidade a uma vez por semana, por quinzena ou por mês, consoante o tipo de atividade e a concreta organização do trabalho individual e coletivo", ressalva, observando igualmente que esta nova forma de trabalho poderá levar a um aumento dos salários, derivado da poupança das empresas ao nível das instalações.
No que toca à vida familiar, o antigo presidente do CDS sublinha que "estas famílias que puderem trabalhar muito tempo a partir de casa, com efetiva produtividade e real qualidade de vida, talvez possam manter consigo os idosos, reduzindo a dependência dos lares sociais".
"Seria uma ironia boa que a nova organização do trabalho no pós-covid viesse permitir a muitas famílias melhores condições de acompanhamento dos filhos, excelentes redes de convívio à distância na família alargada, e, ainda, melhores condições de acolhimento dos avós em casa. Graças a quê? Graças ao teletrabalho, aos novos modos de organização do trabalho empresarial por equipas profissionais multidisciplinares e aos equipamentos e sistemas correntes de comunicação e de operação áudio e vídeo, tornando tudo próximo ainda que à distância", assinalou.
Na opinião de Ribeiro e Castro, "seria um bom rescaldo positivo da covid-19, tanto para os mais novos, como para os mais velhos, e seria muito bom, como agregadora de todos, para as famílias".
No seu texto, o também antigo líder do CDS Adriano Moreira apela à "articulação das forças políticas para convergirem no esforço de conseguir a paz e viabilidade da restauração dos ataques e sofrimentos agora sofridos".
Por seu turno, o líder da CNIS, Lino Maia, defende que "o contexto vivido no último quadrimestre demonstrou e evidenciou a necessidade de rever, não só o modelo de comparticipação financeira do Estado às Instituições Particulares de Solidariedade Social, mas também a forma como este intervém e se relaciona com as mesmas".