"O nosso voto a este decreto é favorável, pensando sobretudo nos portugueses que, como aqui disse, foram sempre e sempre mais responsáveis do que quem nos governa", afirmou o deputado no debate parlamentar sobre uma nova declaração do estado de emergência em Portugal.
Na intervenção, Telmo Correia indicou que "o CDS não muda de posição" e não falha com o seu voto "nas questões essenciais".
"Não aderimos ao unanimismo e não deixamos de fazer as críticas que consideramos serem justas, mas não falhamos aos portugueses quando a situação é de uma grande gravidade e mais medidas são necessárias", frisou.
"Se não deixamos de fazer as críticas que consideramos pertinentes, não será pelo CDS que quem nos governa, num momento obviamente de enorme dificuldade, deixará de ter os instrumentos necessários para responder a esta emergência. o Governo não merece sequer esse pretexto", prosseguiu o deputado.
Antes, Telmo Correia tinha apontado críticas à gestão da pandemia da doença covid-19 por parte do Governo socialista, considerando que "foram cometidos muito erros e houve muitas contradições, seja por incapacidade, seja por incompetência".
O parlamentar defendeu que o "Governo não foi capaz de antecipar nem de prever" o que "era evidente que vinha", uma segunda vaga da pandemia, tendo considerado "óbvio" que deveria já ter contratado mais profissionais de saúde e aumentado o número de camas.
De seguida, o democrata-cristão acusou o executivo de "arrogância e obstinação ideológica" por recusar contratualizar cuidados de saúde com o setor privado e social, como o CDS tem proposto, e de querer "vender a ideia da absoluta suficiência do público, procurando com isso também agradar aos seus parceiros da esquerda radical".
O terceiro erro, continuou Telmo Correia, foram "as sucessivas incoerências", por exemplo ao nível do uso de máscara e do controlo de temperatura, apontando que "foram passadas mensagens erradas" ao longo dos últimos meses.
As críticas do CDS foram dirigidas também ao Presidente da República, considerando que Marcelo Rebelo de Sousa "optou por uma total sintonia com o executivo, abdicando de uma maior exigência".
"Pessoalmente, acho mesmo que houve exigências a menos e Dupond e Dupont a mais entre Belém e São Bento", salientou.
O líder parlamentar afirmou igualmente que, "perante a gravidade da situação", o CDS não alinha em "pruridos ideológicos pouco relevantes quando o que está em causa é a saúde e a vida de tantos portugueses", destacando que o partido é "o oposto dos populismos capazes de defender tudo e o seu contrário, mais máscara menos máscara".
Antecipando que "este confinamento, ainda que limitado, trará mais dificuldades para a economia", o CDS pediu também "uma resposta mais forte no apoio às empresas" e diz que estará atento a essa questão.
O parlamento autorizou hoje o Presidente da República a declarar o estado de emergência em Portugal a partir de segunda-feira para permitir medidas de contenção da covid-19, com votos a favor de PS, PSD e CDS-PP.
A deputada não inscrita Cristina Rodrigues também votou a favor do estado de emergência, que vigorará entre 09 e 23 de novembro. Bloco de Esquerda, PAN, Chega abstiveram-se, enquanto PCP, PEV, Iniciativa Liberal e a deputada não inscrita Joacine Katar Moreira votaram contra.
Esta foi a quarta votação na Assembleia da República sobre o estado de emergência, que não pode ter duração superior a 15 dias, sem prejuízo de eventuais renovações, e que já vigorou em Portugal por três períodos consecutivos durante a atual pandemia de covid-19.