António Costa considerou, este sábado, que o PSD "ultrapassou a linha vermelha" ao celebrar um acordo com o Chega para a viabilização de um Governo nos Açores. Ainda no contra-ataque, o secretário-geral do PS defendeu que Rui Rio deve explicações ao país.
"A Comissão Nacional do PS salienta o facto da maior gravidade que constitui o PSD ter ultrapassado a linha vermelha de toda a direita europeia democrática ao celebrar um acordo com um partido de extrema-direita xenófoba", atacou o líder socialista.
Com esta decisão, o PSD "afastou-se dos bons exemplos da chanceler Angela Merkel na Alemanha, que recusou liminarmente qualquer acordo com a extrema-direita na formação de governos regionais, ou mais recentemente do Partido Popular (PP) de Espanha, com Pablo Casado, que rejeitou juntar-se à extrema-direita na votação de uma moção de censura".
Ao dar 'cartão vermelho' ao PSD, o secretário-geral do PS sublinhou ainda que, "independentemente daquilo que diga o acordo que é mantido secreto, o simples facto de ter havido um acordo entre um partido de direita democrática e extrema-direita xenófoba é da maior gravidade".
Aos olhos do PS, "a normalização da extrema-direita xenófoba é abrir a porta aos inimigos da democracia e nunca se pode esquecer que, quem é xenófobo, ofende o princípio basilar da igualdade da pessoa humana".
No final da intervenção, questionado pelos jornalistas, o chefe do Executivo vincou que o PSD "deve ao país uma explicação", já que a direita democrática da Europa "traça uma linha vermelha muito clara" perante a extrema-direita.
"O PSD, na sexta-feira, ultrapassou essa linha vermelha ao firmar um acordo com o Chega. O PSD deve explicações ao país, em particular o seu presidente, o Dr. Rui Rio. Rui Rio deve explicar a razão de ter feito um acordo com a extrema-direita xenófoba", atirou.
Recorde-se que Rui Rio acusou este sábado o PS de mentir sobre acordos nacionais ou cedências dos sociais-democratas ao Chega. Alegou o social-democrata que foram os socialistas que, em 2015, fizeram um acordo escrito com BE e PCP para governar.
Em publicações partilhadas de madrugada na sua conta oficial do Twitter, Rui Rio acusou ainda a "família socialista de se achar a legítima proprietária dos Açores".