Ana Gomes e Marisa Matias? "São o pior que o sistema tem para oferecer"

André Ventura teceu duras críticas às adversárias na corrida a Belém, que considerou serem o "pior que o sistema tem para oferecer". O líder do Chega assume-se como "o candidato daqueles que sentem que estão há 40 anos a sustentar um sistema que já devia ter acabado".

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Filipa Matias Pereira
16/11/2020 22:44 ‧ 16/11/2020 por Filipa Matias Pereira

Política

André Ventura

A pouco mais de dois meses das eleições presidenciais, que deverão realizar-se no final de janeiro de 2021, André Ventura foi o primeiro candidato a ser entrevistado por Miguel Sousa Tavares, na antena da TVI24. A corrida a Belém, as eleições nos Açores e temas como o racismo, xenofobia e o casamento entre homossexuais foram alguns dos 'dossiês em cima da mesa'. 

Na sequência dos acordos de incidência parlamentar celebrados pelo PSD, CDS-PP e PPM com o Chega e o Iniciativa Liberal nos Açores, Miguel Sousa Tavares questionou o parlamentar sobre se o PSD se sentiu ameaçado ao incluir no acordo a cláusula que prevê o respeito pelos direitos, liberdades e garantias previsto na Constituição da República Portuguesa, 

Para André Ventura, "a ideia de que as medidas violaram os direitos, liberdades e garantias (...) não tem qualquer fundamento. Quando defendemos a castração química de pedófilos, tenho de reconhecer, mesmo à Direita, que todos acham que viola a dignidade da pessoa humana. Eu não acho".

Questionado se se sentiu ofendido com esta cláusula, o presidente do Chega vincou que sente-se "ofendido quando o primeiro-ministro diz que somos de extrema-direita xenófoba e racista e por isso é que agimos judicialmente. Sinto-me ofendido no Parlamento quando todos os partidos acham que o Chega não defende direitos. A mim não me afeta a cláusula e não vou criar um caso político por causa disso".

Já se, um dia, se colocar a "questão da castração química, prisão perpétua, obrigação das pessoas que recebem estes rendimentos trabalharem, e se o PSD disser que viola os direitos, liberdades e garantias, temos um problema. Mas eu ouvi Rui Rio e, aparentemente, ele concorda com isto. Até referiu que concordava com a nossa luta contra a corrupção, contra a subsidiodependência, e em pôr as pessoas a trabalhar. Portanto, não vejo grande problema com direitos fundamentais".

O candidato a Belém escusou-se, porém, a responder se o acordo ratificado nos Açores pressupôs uma negociação prévia com Rui Rio.

Na passada sexta-feira, decorreu no Porto uma manifestação que reuniu diversos profissionais do setor da restauração, que exigem ao Governo medidas de apoio perante o impacto da pandemia de Covid-19. André Ventura marcou presença no local e defende que ninguém lhe pediu que não o fizesse. "Um candidato a Presidente da República não se condiciona por opções pessoais", alegou.

O deputado acusou ainda os restantes partidos de não terem igualmente manifestado apoio à classe. "Acho vergonhoso que, depois de tantos partidos, sobretudo à Direita, dizerem que estão ao lado da restauração, só um líder nacional apareça na manifestação".

Acusado de "oportunismo político", Ventura responde que, para o partido, "é fundamental estar ao lado daqueles que consideramos que, ao longo dos últimos anos, andaram a pagar impostos, a sustentar o país, e que agora se veem desapoiados pelo Estado".

"O descontentamento é o seu território de caça?", questionou Miguel Sousa Tavares. Em resposta, Ventura defendeu que, "se justiça for feita ao Chega, ninguém foi mais a voz dos que não têm voz do que eu, durante um ano. Fizemos mais barulho na Assembleia República do que qualquer outro partido. Para mim, a política faz-se nas ruas. Nós não enfrentamos a Esquerda se não for nas ruas. Esta é a minha filosofia de estar".

O candidato presidencial foi, nos últimos dias, acusado de "lavagem democrática" no que ao racismo, xenofobia e ao casamento entre pessoas do mesmo sexo diz respeito. Quanto ao casamento, Ventura defendeu que continua "a achar que não deve haver um casamento juridicamente enraizado entre pessoas do mesmo sexo. Acredito que devem ser equiparados em direitos (patrimoniais, fiscais)".

Quanto ao racismo, o líder do Chega defende que não mudou de posição, ao passo que, no que à comunidade cigana diz respeito, André Ventura vincou que não irá mudar de posicionamento "para agradar nem ao PSD, nem ao CDS".

Miguel Sousa Tavares foi ainda mais longe nesta matéria e questionou o deputado sobre se gostaria que uma filha se casasse com um cigano: "Não ia gostar porque há sobre a comunidade um pendor de considerações que não se pode abarcar a todos, mas que se aplicam a quase todos. Acho que há problemas na comunidade, uma delas é a forma como vê os direitos das mulheres. As crianças são retiradas das escolas aos 13 anos, obrigadas a casar, a viver tendencialmente de subsídios do Estado".

O candidato que quer suceder Marcelo Rebelo de Sousa defendeu ainda que, "se o Chega tiver, algum dia, de integrar ou viabilizar algum governo nacional, há uma questão que vai estar em cima da mesa: resolvermos de uma vez por todas os problemas que os portugueses têm com a etnia cigana".

Uma das propostas do político passa pela redução dos salários dos deputados que, no seu entendimento, "tem de ser acima de tudo a expressão dos seus eleitores". Ventura acredita que os parlamentares deveriam dar o exemplo e mostrar aos contribuintes que estão "ao lado deles. Não posso dizer que sou mal pago com professores a ganharem mil euros".

"Campanhas fofinhas tivemos durante 46 anos"

André Ventura acusou, recentemente, Ana Gomes, de ser a "candidata cigana". Em entrevista a Miguel Sousa Tavares, o líder partidário reiterou a afirmação e explicou que a candidata "representa essa fatia, vai ser a voz daqueles que preferem viver à custa do Estado, que preferem não mudar o sistema".

Já o líder do Chega assume-se como "o candidato daqueles que sentem que estão há 40 anos a sustentar um sistema que já devia ter acabado e que não lhes dá nada em troca", a não ser "um conjunto de obrigações cada vez maior".

A escolha de Paulo Pedroso, que se viu envolvido no processo 'Casa Pia', para dirigir a campanha de Ana Gomes é, para Ventura, "o maior desastre eleitoral e sobretudo o maior desastre político de desrespeito pelas institiuições". É, acrescentou ainda, "uma ofensa aos portugueses".

Ainda com a 'corrida' a Belém em 'cima da mesa', Sousa Tavares lembrou que o candidato classificou Marisa Matias como a "candidata Marijuana", questionando se este "é o nível de campanha" que quer apresentar.

Em resposta, André Ventura respondeu de forma perentória: "[Estes] candidatos são o pior que o sistema tem para oferecer. Se a ideia era enfrentar a 'extrema-direita', foi a pior escolha possível. Campanhas fofinhas tivemos durante 46 anos, agora é altura de campanhas a sério e discursos duros".

O líder do Chega frisou ainda que não quer "fazer parte de nenhum governo onde o Chega não tenha a capacidade de orientar a política nacional, caso contrário será amordaçado. Queremos liderar o Estado em Portugal".

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