O líder do PCP ressalvou que acredita que o Governo do socialista António Costa "pensará que está a fazer o melhor" e que "não tenha esse objetivo de limitação de direitos" mas, advertiu, há medidas "que não se entendem" e que "são incoerentes".
"Não passo um atestado ao governo de que está mais virado para a proibição e repressão, não está, mas devia encontrar outro caminho, fazer um esforço para, num quadro de gravidade que todos reconhecemos, encontrar formas de não perder a vida no plano social, no económico e até no plano da esperança", disse.
Em entrevista à agência Lusa, realizada na quinta-feira, Jerónimo de Sousa disse que, em consequência da estratégia do Governo para conter a pandemia, tem havido uma degradação do exercício de direitos em particular nas empresas e locais de trabalho, para além das "sequelas" económicas.
Segundo Jerónimo de Sousa, há hoje "situações de injustiça nas empresas, onde em nome da pandemia, se proíbem plenários, se proíbe a intervenção dos representantes dos trabalhadores nessas empresas, trabalhadores que começam a ter dificuldade de fazer face à vida".
"E noutra componente que são os pequenos e médios empresários que estão num sufoco que pode levar à destruição de milhares de empresas", acrescentou, considerando que é tempo de fazer um "balanço" dos resultados objetivos das medidas de contenção da pandemia.
"Uma das perguntas que mais me fazem é: Explique lá isto, por que é que à uma hora da tarde as pessoas tem de ir para casa?", contou o líder comunista, admitindo é uma pergunta de "resposta difícil" e que compete ao Executivo explicar o significado dessas medidas.
O pior que pode acontecer, advertiu o secretário-geral do PCP, é "alimentar as campanhas do medo" e optar por "uma resposta resvaladiça limitando as liberdades".
"O que receio é que se desenvolva uma campanha que agite o medo, fundamentalmente sustentada na ideia do medo e não na pedagogia da proteção", criticou, defendendo a ideia de que "a vida tem de continuar" apesar da pandemia de covid-19.