"Acho que a pastelaria Versalhes de Belém, ainda por cima uma pastelaria em dia de confinamento, em que as outras pastelarias deveriam estar fechadas, sem sequer permitir o acesso de jornalistas, sem sequer permitir perguntas e respostas do candidato, parece-me que foi uma forma de menorizar umas eleições que são importantes para a democracia em Portugal", afirmou Ana Gomes.
Em declarações aos jornalistas, à margem de uma sessão de cumprimentos na Câmara Municipal do Porto, a candidata presidencial disse não ser "apologista que se menorize a importância de eleições presidenciais".
"Acho que as eleições presidenciais são importantes, bem bastam as restrições que decorrem da crise sanitária", afirmou.
A ex-eurodeputada socialista admitiu não ter ficado surpreendida com o anuncio de recandidatura de Marcelo de Rebelo de Sousa e mostrou-se disponível para debater com todos os candidatos às presidenciais.
"Ainda bem que o Sr. Presidente finalmente assumiu que se recandidatava", disse, acrescentando, no entanto, que mantém a convicção de que a posição tomada por Marcelo Rebelo de Sousa no caso Camarate "é pôr em causa as mais altas instituições do Estado".
"A posição do professor Marcelo Rebelo de Sousa em relação ao que se passou em Camarate, pelos visto ele não acredita no que está no relatório oficial e nada fez como Presidente da República para que, de facto, o Estado não esteja a propor uma versão que, segundo ele, não corresponde à verdade. Do meu ponto de vista, isto é pôr em causa as mais altas instituições do Estado", considerou.
Ana Gomes acrescentou que Marcelo Rebelo de Sousa é "o principal artífice" do acordo do Chega nos Açores, considerando que isso "não o faz cumprir e fazer cumprir a constituição" e que o acordo é "altamente desestabilizador da República e da democracia".
As eleições presidenciais de 2021 realizam-se em 24 de janeiro, sendo candidatos, entre outros, a socialista Ana Gomes, o comunista João Ferreira, Marisa Matias, do BE, André Ventura, do Chega e Marcelo Rebelo de Sousa.