Em entrevista à Antena 1, Rio escusou-se a responder se preferia ver Ana Gomes ou André Ventura em segundo lugar nas presidenciais de 24 de janeiro.
"Obviamente que, para o país, acho que será mau se o líder do Chega, dr. André Ventura, tiver uma votação grande e expressiva. Não é bom para o país porque o discurso que ele tem feito é um discurso que não gostaria que fosse fortemente premiado em eleições", disse.
Sobre este sufrágio, Rio considerou que o PS "é o perdedor" antecipado por não ter nem apoiar qualquer candidato e disse que não prevê participar na campanha do candidato apoiado pelo PSD, o atual chefe de Estado Marcelo Rebelo de Sousa, mas referindo que fará "como ele quiser".
O líder do PSD recusou que exista uma grande erosão no eleitorado social-democrata à conta do Chega, e reiterou que será "muito difícil" que este partido integre num Governo liderado por si, mas sem excluir uma situação de apoio parlamentar, como aconteceu nos Açores.
Na mesma entrevista, Rio disse ser "vital" para o PSD ter um bom resultado nas autárquicas do próximo ano e disse partir para as disputas em Lisboa e Porto "com vontade de ganhar" e não apenas "por um resultado jeitoso", escusando-se a falar em nomes de possíveis candidatos.
Rio salientou que "pela primeira vez na história do PSD" as eleições autárquicas serão geridas por um líder que já foi autarca e assegurou que será ele próprio a decidir o processo nas duas maiores cidades do país, considerando ser "muito cedo" para apresentar já candidatos.
Se em Lisboa o líder do PSD considerou que o atual presidente, Fernando Medina, "não é imbatível", já no Porto admitiu que seria "mais difícil" pensar num resultado vitorioso há um mês, antes de o Ministério Público ter acusado Rui Moreira da prática de um crime de prevaricação, no âmbito do Caso Selminho, colocando-o numa "situação periclitante".
À Antena 1, o presidente do PSD voltou a criticar o dinheiro público que já foi colocado pelo atual Governo no Novo Banco e na TAP, calculando que daria para construir "16 hospitais centrais ou mais de 2.000 centros de saúde", e classificou como "um desaforo" os aumentos de vencimentos dos administradores da transportadora aérea.
Questionado se o Governo deve encerrar a TAP, Rio disse que "depende", mas reiterou que não exclui "mesmo nada essa hipótese".
"O país não precisa de uma empresa que tem permanentes prejuízos ao longo da sua história e sobretudo com despesas de pessoal brutais", criticou.
Sobre as recentes intervenções públicas dos ex-líderes do PSD Pedro Passos Coelho e Cavaco Silva, Rio considerou que foi "uma coincidência" terem acontecido com poucos dias de intervalo e pediu que não se leiam "segundas intenções", até porque considera que "não vieram dizer nada de diferente daquilo que é a posição oficial do PSD".
"Não acho bem que, dentro do partido alguns que estão a pensar mais em si do que no dr. Pedro Passos Coelho, de cada vez que ele legitimamente dá uma opinião digam que quer voltar ou vai voltar", afirmou, considerando que o antigo primeiro-ministro "tem todo o direito de, a espaços", dizer o que pensa sobre o país, admitindo que teria outra opinião se tal acontecesse de forma muito frequente.
Sobre a possibilidade de uma crise política que conduza a legislativas antecipadas no próximo ano, Rio considerou-a "baixíssima", embora admitindo que em outubro do próximo ano haverá uma "situação aguda" de tensão para o Governo, porque se junta o momento de negociação do Orçamento com as autárquicas.
"Se tiver um problema em outubro, aí pode originar uma crise, mas eleição é em 2022 e não em 2021", afirmou.
Para o próximo ano, Rio manifestou o desejo de que Portugal possa ultrapassar a situação de pandemia e "relançar-se economicamente" e reiterou que o PSD continuará a votar favoravelmente a renovação dos estados de emergência, corresponsabilizando-se por essa decisão.
No entanto, o líder do PSD criticou a gestão do Governo na segunda fase da pandemia, lamentando que continue a haver "resistência" a acordos com os privados, e apontando "falta de planeamento" para os doentes não covid.
Rui Rio estimou que Portugal terá este ano 15 mil mortes a mais do que o habitual, das quais 10.000 serão devido a outras doenças que não a covid-19, e, questionado se responsabiliza o Governo e o primeiro-ministro por este acréscimo da mortalidade, respondeu afirmativamente, do ponto de vista político.
"Politicamente, responsabilizo o Governo, o primeiro-ministro é chefe do Governo. Na gestão em concreto, é o Ministério da Saúde que não teve capacidade de planeamento dos hospitais e centros de saúde para satisfazer os cidadãos", referiu.