António Costa convocou os partidos políticos para discutir o possível agravamento das restrições devido à pandemia da Covid-19, numa altura em que o país regista valores recorde quer de novos casos diários (acima dos 10 mil), quer de óbitos (118, de acordo com o boletim epidemiológico desta sexta-feira).
À saída do encontro com o primeiro-ministro, Rui Rio afirmou que a confirmar-se "aquilo que quase de certeza vai acontecer", ou seja, se "continuarmos neste patamar dos 10 mil novos infetados, isso aponta para medidas mais drásticas".
"O Governo quis saber a nossa disponibilidade para apoiar medidas mais eficazes, mais pesadas até, para travar a pandemia", disse o líder social-democrata, assinalando parecer-lhe uma evidência que, se os números continuarem assim, "temos de travar os números, ou seja, temos de travar os contactos entre as pessoas". E, portanto, "teremos, provavelmente, no país um confinamento muito mais apertado", acrescentou Rio, em sintonia com aquilo que António Costa disse ontem.
O líder dos social-democratas confirmou que o PSD estará disponível para votar o próximo Estado de Emergência e para "suportar as medidas que defendem a saúde pública", tendo também em conta as atenuantes que seja possível tendo em vista "o drama do ponto de vista económico que representa o fechar outra vez fortemente o país por mais duas, três ou quatro semanas".
Sublinhando que a última coisa que quer é "complicar", Rio detalhou ainda que estará também disponível para "se as medidas tiverem de entrar [em vigor] mais cedo", e se o Estado de Emergência tiver de ser ajustado mais cedo dois ou três dias".
"Não estamos aqui para complicar, estamos aqui para facilitar, porque a situação do país é efetivamente muito grave" (Rui Rio)
Rui Rio revelou que o Governo afirmou ter "suporte técnico" que sustenta o não encerramento das aulas, "o que me parece aqui um ponto nevrálgico". "Esse suporte técnico irá ser explicado na próxima terça-feira de manhã na sessão do Infarmed". Sobre este ponto, sobre o qual não está tão de acordo, o social-democrata aguarda para ouvir os técnicos.
O presidente do PSD aproveitou para criticar "a falta de planeamento" que antecedeu a situação atual. Sobre o plano de vacinação, Rio defendeu um planeamento para que "quando começarem a haver mais vacinas, haja também mais espaços" para tal.
Respondendo diretamente às questões dos jornalistas sobre que medidas em concreto estão a ser equacionadas, o social-democrata lembrou o modelo que vigorou em Portugal em abril. "Há-de ser qualquer coisa à semelhança de abril, tendo em atenção, o know-how entretanto adquirido para se fazer melhor do que se fez" nessa altura, afirmou.
Perante a situação em que o país está, "temos efetivamente de apertar na parte sanitária, embora conscientes, do ponto de vista económico, do que é esta situação, quer para a Europa como um todo, quer particularmente para Portugal, que é um país muito mais débil do que quase todos os demais europeus por força do seu brutal endividamento", alertou.
Portugal entrou hoje no oitavo Estado de Emergência, que vigora até ao dia 15 de janeiro. No entanto, novas medidas podem ser anunciadas pelo Governo logo no dia 12, aquando da reunião com os especialistas no Infarmed, fez saber ontem o primeiro-ministro.
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