No final de uma visita a uma escola profissional em Cinfães (no distrito de Viseu), a candidata foi questionada sobre o novo confinamento geral, que arrancará à meia-noite de sexta-feira e foi anunciado na quarta-feira pelo primeiro-ministro António Costa para conter o crescimento da pandemia de covid-19.
"Vi-as com a preocupação de todos os portugueses e portuguesas: estas medidas são duras, mas são indispensáveis face à triplicação do número de novos casos no fim do mês se não fossem adotadas", afirmou.
Por outro lado, a antiga eurodeputada do PS - partido que não tem candidato oficial nas presidenciais - afirmou que "o Governo atuou bem" face às divergências existentes entre os especialistas sobre se as escolas se deveriam ou não manter abertas.
"Vi com algum alívio que foi decidido manter as escolas abertas, penso que isso também corresponde ao sentimento do conjunto dos cidadãos para não agravar desigualdades e percebendo que envolvem uma população de menor risco", afirmou, defendendo, por outro lado, o reforço da proteção dos idosos.
Questionada sobre como irá prosseguir a sua campanha a partir de sexta-feira, Ana Gomes reiterou que visitará locais, como a escola de hoje, que se mantêm abertos.
"Há portugueses que estão a trabalhar, eu estarei em locais onde haja portugueses que estão a trabalhar cumprindo as regras de segurança", afirmou.
Já os tradicionais comícios serão substituídos por conversas online, sempre às 18:00 e transmitidas nas plataformas digitais, em que Ana Gomes conversa com especialistas e figuras políticas acerca dos seus principais compromissos para Portugal.
"Essa será uma forma de chegar a um maior número de pessoas, sem pôr em causa a sua segurança, e manterei este tipo de visitas em que o número de pessoas com quem contacto é restrito", disse.
Ana Gomes reiterou as críticas ao atual Presidente da República e recandidato ao cargo, Marcelo Rebelo de Sousa, acusando-o de estar a desvalorizar a campanha e até de ser "displicente com os eleitores".
"Hoje ouvi-o dispensando-se de esclarecer qual a sua leitura do que aconteceu neste mandato e dispensando-se de assumir compromissos para o outro mandato a que se candidata", afirmou, referindo-se em concreto a uma entrevista à Antena 1.
A candidata admitiu que a campanha eleitoral ficou "dramaticamente afetada" por esta pandemia e insistiu que "podiam ter sido tomadas medidas há muito tempo", que poderiam passar pelo voto eletrónico ou por correspondência.
"Eu não desvalorizo as eleições, não partilho da posição do atual Presidente da República, que tem de facto desvalorizado as eleições e não tem feito campanha", reforçou.
As eleições presidenciais estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.
A campanha eleitoral decorre entre 10 e 22 de janeiro, com o país a viver sob medidas restritivas devido à pandemia. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).
Em Portugal, a pandemia fez até agora 8.236 mortos entre os 507.108 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.