O deputado Ricardo Batista Leite reagiu, ao início da tarde desta quinta-feira, às medidas anunciadas pelo Governo para o combate à Covid-19. A partir da Assembleia da República, o social-democrata começou por apontar o que disse ser uma "falta de preparação do outono/inverno", pela qual estamos hoje a "pagar um preço tão duro, com um custo humano terrível".
"Face à situação que se vive e face à inoperância que as medidas de setembro, outubro, novembro e dezembro tiveram, estamos agora nesta situação em que as projeções sobre o SNS apontam para a possibilidade de no final do mês, mesmo com estas medidas, podermos ter 900 camas de Cuidados Intensivos ocupadas apenas e só com doentes Covid", frisou.
Analisando as novas regras, o médico de formação referiu que "o confinamento é uma bomba atómica que se usa quando se desconhece o que se pode fazer de uma forma dirigida, tem de ter três objetivos: o primeiro, evitar o colapso do SNS ou pelo menos minimizar o impacto negativo que terá, o segundo é permitir a recuperação mais depressa possível da Economia, o terceiro é ganhar tempo para implementar as medidas para corrigir a trajetória errada que levou ao falhanço da resposta do país à Covid-19".
No entender do PSD, "estes três objetivos, com estas novas medidas, podem não ser cumpridos". "A nosso ver, devia ter havido da parte do Governo o cumprimento de um princípio de precaução - na dúvida deve-se restringir mais em vez de restringir menos", sublinhou o deputado.
Batista Leite considerou que o se está a verificar é, "mais uma vez, um conjunto de meias medidas, particularmente quando olhamos para a situação nas escolas". "Face ao aumento que se está a verificar do número de casos entre os 10 e os 19 anos e entre os 20 e os 29 anos de idade, (...) não garantir que todo o esforço esteja a ser feito para reduzir o número de casos os mais depressa possível parece-nos contraproducente".
O PSD disse ainda, "com base em informação que foi facultada, no mínimo dos mínimos a partir do 7º. ano de escolaridade, o secundário e as faculdades, não entender como se mantém esse ensino aberto".
Outra das questões levantadas pelo médico prendeu-se com o facto de o PSD não ver "um reconhecimento de que o caminho trilhado até agora é o errado". E explicou: "Não vemos nenhum anúncio da parte do Governo sobre o que é que vai mudar a seguir, ou seja, depois de levantar as medidas restritivas, que garantia é que o Governo nos dá de que não voltam a subir os casos?"
De recordar que António Costa anunciou, ao final da tarde desta terça-feira, que Portugal regressa, às 00h de 15 de janeiro, ao recolhimento domiciliário. Porém, contrariamente ao que aconteceu em março e abril de 2020, as escolas vão manter-se abertas. Teletrabalho obrigatório e multas mais pesadas estão também entre o novo pacote de medidas.
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