Marisa Matias lembra que nem todos têm condições para confinar

A candidata presidencial bloquista, Marisa Matias, alertou hoje que "nem toda a gente tem as mesmas condições para fazer um confinamento", dando o exemplo da habitação, que está a perder a batalha "contra a especulação imobiliária e o negócio".

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© Facebook / Marisa Matias

Lusa
14/01/2021 19:00 ‧ 14/01/2021 por Lusa

Política

Presidenciais

 

Em vésperas do país voltar a ficar fechado em casa devido à pandemia de covid-19, Marisa Matias deslocou-se até à Rua dos Lagares, em plena Mouraria, em Lisboa, para se juntar à luta das moradoras que há anos lutam contra as ameaças de despejo pelo fundo imobiliário que adquiriu o prédio no número 25 daquela rua.

"É uma luta à qual devemos muito pela dignidade, pelo direito, um dos mais básicos, que é o da habitação e que infelizmente é um dos pilares que sistematicamente tem ficado para trás. São mulheres que muito admiro porque esta é uma causa que temos em comum e porque faz parte também do modelo de país que entendemos que é o que merecemos", explicou aos jornalistas, no final do encontro com as moradoras.

Em contexto de pandemia, a recandidata apoiada pelo BE deixou um alerta: "vamos iniciar um próximo confinamento a partir de amanhã [sexta-feira] e eu não me esqueço que nem toda a gente tem as mesmas condições para fazer confinamento".

"Há famílias grandes em casas muito pequenas, há famílias que não têm sequer recursos para poder aquecer as suas casas, há pessoas e famílias que nem casa têm e eu não me esqueço delas em nenhum momento e não poderia esquecer também no contexto desta campanha. O direito à habitação é um direito absolutamente fundamental", defendeu.

Para Marisa Matias, "garantir a habitação como direito e tentar libertar a habitação do fenómeno tão persistente e permanente da especulação imobiliária" bem como possibilitar rendas acessíveis a quem quer viver nas cidades são eixos centrais de atuação.

"Parece-me absolutamente fundamental colocar esta questão no centro da agenda política e usar todos os meios que temos à nossa disposição para evitar que as pessoas estejam a perder esta batalha com a especulação imobiliária e com o negócio", apontou.

A dirigente do BE aproveitou este tema para criticar o presidente recandidato, Marcelo Rebelo de Sousa.

"Infelizmente, muito recentemente, quando o Presidente da República teve a oportunidade de se pronunciar numa disputa entre a especulação e as pessoas, tomou o lugar da especulação e não das pessoas e o lugar de quem está na Presidência da República é o lugar de estar ao lado do direito da habitação e sobretudo o lugar de estar sempre, sempre ao lado das pessoas", condenou.

Junto a três das quatro mulheres que vivem esta ameaça -- as chamadas "gaulesas da Rua dos Lagares" - Marisa Matias explicou que, neste momento, estas estão "protegidas por um acordo que foi feito entre a câmara e o proprietário, mas essa proteção não dura sempre".

"E neste momento temos também tantas pessoas e tantas famílias que estão protegidas pelo facto do parlamento ter aprovado uma lei, absolutamente urgente, que é ninguém poder ser despejado até junho de 2021 e isso é de facto uma ajuda, mas uma ajuda não se confunde com o apoio que é necessário", avisou.

Embora as pessoas não possam ser despejadas durante o período da epidemia, segundo a bloquista, "a verdade é que muitas delas perderam os seus rendimentos e por isso não têm condições para poder pagar a sua renda", estando ainda a "acumular uma situação de dívida que poderão não ter como responder".

 

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