Um São Jorge vazio para Marisa dar palco à urgência dos apoios na cultura
As cadeiras vermelhas vazias do Cinema São Jorge, em Lisboa, representam a situação muito difícil que os profissionais da cultura atravessam em tempo de pandemia, cuja falta de resposta do Estado é criticada pela candidata presidencial bloquista Marisa Matias.
© Getty Images
Política Presidenciais
Catarina Côdea e João Nunes Monteiro. Estes são apenas dois dos nomes que representam um setor cultural em agonia devido à paragem de espetáculos, concertos, peças de teatro e demais atividades.
Marisa Matias quis dar voz a estes dois profissionais e apontou o dedo ao Estado: "há claramente uma falta de resposta a todo o setor da cultura".
"Numa altura como esta, em que tanta gente da cultura passa dificuldades e às vezes fome o Estado tem de fazer duas coisas. Em primeiro lugar não pode estar a poupar dinheiro à custa de compromissos que já estavam assumidos e em segundo lugar tem que garantir os apoios para que as pessoas possam sobreviver", elencou.
Para a recandidata bloquista, estas são "duas tarefas mínimas", num setor que já "muito marcado pela precariedade e que se veio a agravar muito com a pandemia", que o Estado tem obrigação de cumprir.
"Estamos numa sala vazia, que é um pouco também uma descrição em si mesmo da situação que vive a cultura neste momento. Quando estava a chegar aqui ao Cinema São Jorge deparei-me logo, assim que cruzei a primeira porta, com os cartazes da União Audiovisual que continuam a fazer a recolha de alimentos para apoiar artistas, profissionais da cultura, artistas, técnicos que ficaram sem apoio e que continuam ainda numa situação muito difícil", contou aos jornalistas a candidata.
Habituada a estar nos bastidores, a desenhadora de luz Catarina Côdea usou o microfone colocado no palco da vazia Sala Manoel de Oliveira para falar aos jornalistas, antes mesmo das declarações de Marisa Matias.
"Eu sinto mais a falta de apoio do Estado em tudo, desde sempre, enquanto trabalhadora independente nesta área, em que me senti sempre desprotegida, e nomeadamente agora, em que foi necessário ter apoios e os apoios foram claramente insuficientes", lamentou.
A técnica condenou a insuficiência dos apoios, que não permitem sequer "ter uma vida digna" e não demorou a dar os valores que comprovam esta ideia.
"438 euros por mês, houve pessoas que receberam 230 euros por mês, houve pessoas que receberam 90 euros por mês", enumerou.
Tendo optado por exercer a sua profissão como trabalhadora independente, Catarina admite recorre "muitíssimas vezes à ajuda da família para conseguir sobreviver".
"A União Audiovisual continua a funcionar, cada vez tem mais pedidos de apoio e surgiu esta semana um novo apoio que é apoio psicológico", referiu ainda.
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