Fechar escolas pode ser "inevitável" e "só calamidade" suspende campanha
A candidata presidencial Ana Gomes afirmou hoje que poderá ser indispensável encerrar as escolas por os hospitais estarem "no limite" e só admitiu suspender a campanha em caso de "total calamidade" por determinação do Governo.
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Política Presidenciais
Depois de visitar mais um mural da sua candidatura, em Almada, e antes de visitar uma escola do concelho, a candidata, que tem saudado o Governo por manter as escolas abertas neste novo confinamento geral, admitiu que pode ser altura de rever essa posição.
"Já tivemos informação esta manhã de dirigentes de escolas que não são nada alarmistas que, neste momento, acham que vai ser indispensável fechar as escolas, mas é uma decisão que cabe ao Governo", disse.
Questionada em que situação admitiria suspender a campanha, Ana Gomes começou por responder que tem cumprido todas as regras sanitárias, com as conversas com a comunicação social a decorrerem ao ar livre, e só visitando espaços fechados sem aglomerações.
"Só numa situação de total calamidade, em que o próprio Governo dissesse que não poderia haver movimento nenhum", afirmou.
Ana Gomes afirmou que neste momento a situação dos hospitais "é muito complicada" e está-se a chegar "ao limite", não ao nível dos equipamentos, mas dos recursos humanos.
"Tendo em conta informações que recebi, de pessoas ligadas ao setor escolar e que tinham concordado em manter as escolas abertas, é que neste momento deverá ser indispensável fechar as escolas", disse, admitindo, contudo, não dispor dos dados completos.
A candidata aproveitou ainda a ocasião para criticar o que chamou de "papel nefasto" e "intervenção corporativa" da Ordem dos Médicos, acusando-a de "limitar a formação do pessoal médico".
"Infelizmente, penso que muitas vezes a Ordem dos Médicos tem, sobretudo, defendido o interesse dos privados, onde fazem prodigiosos lucros", criticou.
Questionada sobre as novas medidas anunciadas na segunda-feira pelo Governo, Ana Gomes disse não dispor de todos os dados.
"Tenho a certeza que o Governo está a fazer tudo para ir ajustando as medidas. É uma correção que tem de se ir fazendo à medida que vai havendo mais informação".
Nos últimos sete dias, Portugal registou em cinco valores superiores a dez mil novos infetados com o novo coronavírus e até segunda-feira, de acordo com dados da Direção Geral da Saúde, estavam internadas 5.165 pessoas, das quais 664 em unidades de cuidados intensivos.
Na quarta-feira passada, para responder ao continuo crescimento da epidemia no país, cuja tendência se agravou após o período do Natal, António Costa anunciou um conjunto de medidas que, em linhas gerais, significou um regresso ao quadro de confinamento geral que vigorou entre março e abril do ano passado, com a principal diferença a residir nas escolas, que agora se mantiveram abertas.
No início desta semana, porém, os números de infetados e de internamentos continuaram a aumentar, colocando sob ameaça a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde. Em paralelo, o Governo recebeu indicadores de que o dever de recolhimento no último fim de semana não foi cumprido pelos cidadãos na dimensão esperada.
Perante este quadro, na segunda-feira, após uma reunião extraordinária do Conselho de Ministros, o líder do executivo anunciou um novo alargamento das medidas restritivas ao movimento das pessoas, das quais se destacou a proibição de circulação entre concelhos aos sábados e domingos, e avançou com "uma clarificação" de normas já decretadas, impondo-se, por exemplo, o encerramento de todos os estabelecimentos até às 20:00 entre segunda e sexta-feira.
António Costa aproveitou também para dramatizar o seu discurso em relação às consequências da covid-19 em termos de saúde pública.
"Este é um momento em que não está só em causa a pressão sobre o SNS, ou esforço extraordinário de médicos, enfermeiros, técnicos auxiliares e assistentes operacionais estão a fazer. O que está verdadeiramente em causa é a saúde e a vida de cada um de nós e das pessoas que nos rodeiam", declarou.
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