Fonte parlamentar adiantou à agência Lusa que as cartas dirigidas a Ferro Rodrigues foram esta manhã enviadas pelos serviços das comissões de Defesa Nacional e de Negócios Estrangeiros da Assembleia da República.
Marcos Perestrello e Sérgio Sousa Pinto assumiram esta posição logo no sábado de manhã, quando verificaram que os seus nomes tinham sido incluídos numa lista de 50 deputados considerados prioritários para a vacinação contra a covid-19.
Sérgio Sousa Pinto e Marcos Perestrello confirmaram à agência Lusa o envio das cartas para o presidente da Assembleia da República e apenas adiantaram que não foram consultados por ninguém antes de serem incluídos na lista de 50 deputados a serem já vacinados.
Os dois faziam parte da lista de Ferro Rodrigues de 50 deputados "essenciais" na vacinação contra a covid-19 por serem presidentes de comissões parlamentares permanentes da Assembleia da República.
Sérgio Sousa Ponto, presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros, referiu que no sábado, de forma informal, logo que viu o seu nome nessa lista, transmitiu a pessoas do Grupo Parlamentar do PS de que não queria ser já vacinado, sobretudo antes de deputados que se encontram em grupos de risco.
"A lista dos deputados com direito a vacina chegou ao conhecimento público ao mesmo tempo que chegou ao conhecimento dos deputados. Cada deputado, com inteira liberdade e legitimidade, fará o que a sua consciência ditar, a partir da próxima semana. A minha decisão, há muito tomada, não se confundirá com a vozearia da praxe contra os titulares do poder político democrático, torrencial nas redes sociais", escreveu Sérgio Sousa Pinto na sua conta pessoal no Facebook, no sábado.
Sérgio Sousa Pinto acrescentou então que a sua decisão seria "comunicada ao presidente da Assembleia da República, e não comportará nenhuma censura à decisão livre a tomar pelos outros deputados considerados essenciais - distinção que não posso aceitar, pois todos os deputados são igualmente depositários da soberania nacional, que é incindível".
Já no domingo, em carta enviada ao presidente da Assembleia da República, a líder do grupo parlamentar dos socialistas, Ana Catarina Mendes, propôs que seja dada prioridade imediata à vacinação contra a covid-19 do presidente, vice-presidentes do parlamento e que os restantes deputados sejam vacinados em fase posterior, "nas semanas e meses seguintes".
Ana Catarina Mendes sugeriu também a criação de um grupo de trabalho no parlamento, com representação de todos os partidos, para fazer um "plano interno" de vacinação.
De acordo com a proposta do PS, o resto dos deputados, precisou à Lusa fonte da direção da bancada socialista, só seriam vacinados no final da primeira fase. Ou seja, em final de março.
O plano de vacinação no parlamento está envolto em polémica desde sábado, depois de 12 deputados do PSD, incluindo o seu líder Rui Rio, terem pedido para sair da lista enviada por Ferro Rodrigues ao Governo para serem vacinados por discordarem de "uma opção tão alargada" - o que "surpreendeu muito negativamente" Ferro Rodrigues, segundo disse à Lusa uma fonte do seu gabinete.
A lista inicial enviada na sexta-feira por Ferro Rodrigues a António Costa, que no início da semana pediu ao parlamento o envio da lista com os deputados considerados prioritários, ficou assim reduzida de 50 para 38, e teve de ser retificada.
Os critérios para a lista de deputados a vacinar foram discutidos por Ferro Rodrigues na conferência de líderes, na quinta-feira, em que pediu um "voto de confiança" para a escolha, tendo sido dado o prazo do final do plenário de sexta-feira para os grupos parlamentares informarem quem não aceitava figurar.
Na lista estavam, além do presidente e vice-presidentes, os líderes parlamentares e líderes partidários que também são deputados, presidentes de comissões parlamentares, membros da mesa, do conselho de administração.