O secretário-geral do PCP reiterou o apelo, esta quinta-feira, a que o Governo “reconsidere a decisão anterior e atribua aos pais de crianças até aos 16 anos, que tiverem de ficar em casa e acompanhar os filhos, um salário a 100%”. Na mesma linha, Jerónimo de Sousa exige que “os trabalhadores em teletrabalho possam acionar o mecanismo de apoio aos filhos”.
O líder comunista lembrou que, no âmbito do ensino à distância, muitos alunos carecem das condições técnicas exigidas e até da “ajuda necessária por parte dos pais para o acompanhamento do estudo”. Relembrando estudos feitos em confinamentos anteriores, sublinhou que “mais de 30% dos alunos não tiveram acesso aos conteúdos emitidos e, por isso, é impossível aos professores ministrarem uma parte dos programas”.
Em “situação mais grave” estão “os pais que estão em teletrabalho”, referiu, por terem que “conciliar o trabalho com a assistência às crianças”, naquilo que descreve como um “malabarismo impossível”. “Se um dos pais está em teletrabalho, o outro não pode acionar a assistência ao filho”, disse, algo que, “no contexto atual”, deve ser repensado.
Estes, indicou Jerónimo de Sousa, são apenas alguns dos “vários problemas com que as famílias estão confrontadas” neste momento, identificando como prioritária a distribuição de computadores de forma gratuita - “como acontece com os manuais escolares” -, assim como garantir o acesso à internet.
“Há uma percentagem muito significativa de alunos que, confrontados com a falta de meios ou sem capacidade para aceder aos conteúdos, em famílias com falta de condições para os apoiarem, sofrerão certamente consequências ao nível do abandono escolar”, indicou, profetizando um “recuo no sucesso escolar que o país tinha verificado”.
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