Contactado pela Lusa, Rui Rocha salientou que esta posição não vincula ainda a distrital, uma vez que tomou conhecimento "como toda a gente" - pela comunicação social - da proposta do PSD de adiar por dois meses as autárquicas e ainda não pôde reunir os órgãos locais.
"Na minha opinião, poderá ser extemporâneo tomar essas decisões, mais importante é perceber como está a decorrer o plano de vacinação", afirmou Rui Rocha.
O dirigente distrital recordou que o quadro temporal atualmente previsto na lei para a realização das autárquicas é entre final de setembro e início de outubro, e lembrou que, no ano passado, ainda sem vacinas, existiu "uma descompressão" durante o verão, que considerou "um período mais interessante" para a realização da campanha do que o outono/inverno.
"Seria sensato esperar um pouco mais para ver como se desenvolve o plano de vacinação, se há condições ou não, havendo condições inclino-me mais para que se pudessem manter na data que está. A esta distância não consigo antecipar se em dezembro - já no outono-inverno - a situação estará assim tão diferente do que em outubro", resumiu.
Rui Rocha admitiu que as próximas eleições autárquicas serão sempre "diferentes das outras", mas diz não antever "grandes diferenças na pandemia" entre outubro e dezembro, considerando que, se mais à frente se verificar que é necessário adiá-las, então que seja "para a próxima primavera".
O presidente da distrital de Leiria disse "respeitar a posição da direção do partido" e assegurou que as secções concelhias continuarão a trabalhar no processo autárquico "de acordo com o calendário instituído pela direção nacional" e que prevê que, entre janeiro e março, as secções e distritais informem a Comissão Política Nacional das suas indicações de candidatos a presidentes de Câmara.
Rui Rocha foi reeleito presidente da Comissão Distrital do PSD de Leiria em novembro de 2019, depois de se ter demitido do cargo em agosto do mesmo ano em desacordo com as escolhas de Rui Rio na constituição da lista de Leiria candidata às eleições legislativas.
O PSD anunciou hoje um projeto-lei que prevê um "regime excecional e temporário" para adiar as autárquicas por dois meses e dar ao Governo a possibilidade de as marcar - excecionalmente em 2021 devido à pandemia de covid-19 - entre 22 de novembro e 14 de dezembro, em vez de, como prevê a lei eleitoral, entre 22 de setembro e 14 de outubro.
Em conferência de imprensa, no Porto, Rui Rio considerou que esta é uma proposta "sensata" e que "defende a democracia" num contexto de pandemia de covid-19.
"Eu pergunto como é que, numas eleições autárquicas, se consegue fazer campanha sem poder contactar as pessoas", questionou, argumentando que manter a data das autárquicas no calendário previsto serviria apenas "quem está no poder".
Na exposição de motivos do projeto, os sociais-democratas invocam que o primeiro-ministro, António Costa, já apontou "o final do verão" como a data provável para Portugal atingir a imunidade de grupo, pelo que só a partir dessa data será possível fazer campanha em condições de normalidade.
De acordo com a lei eleitoral para os órgãos das autarquias locais, estas eleições são marcadas "por decreto do Governo com, pelo menos, 80 dias de antecedência" e realizam-se "entre os dias 22 de setembro e 14 de outubro do ano correspondente ao termo do mandato".
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