Em declarações à agência Lusa no final da 16.ª reunião no Infarmed sobre a evolução da pandemia de covid-19 em Portugal, a porta-voz centrista afirmou que, "apesar de as taxas de contágio estarem a diminuir", ainda se registam "números muito elevados em termos de incidência".
"Isso condiciona bastante a abertura e o desconfinamento que desejamos, mas aquilo que não ficámos a saber nada é sobre quais são as linhas vermelhas para o desconfinamento que tinham sido anunciadas na última reunião que era essencial definir do ponto de vista técnico. Isso não foi trazido aqui com a clareza desejada", frisou Cecília Anacoreta Correia.
A dirigente democrata-cristã indicou que ainda não é conhecido "qual é o 'R' necessário para que o desconfinamento aconteça ou quais são os outros indicadores da taxa de infeção existentes na sociedade portuguesa" a partir dos quais o país pode dar esse passo.
"Em todo o caso, sabemos que os números estão a descer, que o esforço dos portugueses está a ser de facto compensado, e isso mostra que é hora de o Governo começar a planear detalhadamente o desconfinamento. Isto é, o sucesso do desconfinamento depende essencialmente do que o Governo seja capaz de fazer e de preparar para controlar a pandemia num contexto mais aberto da sociedade", salientou Cecília Anacoreta Correia, considerando que "não é aceitável" que o executivo "volte a incorrer no erro de passado de ir atrás do prejuízo".
Na opinião do CDS-PP, "essa preparação deve começar pelo setor da educação, pelo menos dos alunos até aos 12 anos, e seria desejável que isso acontecesse a partir do próximo decreto do estado de emergência".
"É necessário preparar com detalhe como é que se vai proceder à abertura das escolas, em que contexto, se se fará por setores regionais ou numa abordagem nacional, e há coisas que faltam cumprir desde abril", como "a promessa de dotar todos os alunos de computadores e de ligação à internet", sublinhou à Lusa a centrista.
Defendendo que "um desconfinamento seguro não pode acontecer sem um plano de testagem alargado e de rastreio periódico", Cecília Anacoreta Correia disse que na reunião foi dada a indicação de que estão "a preparar regras comuns a todo o país, a todos os técnicos, para este plano de testagem" e lamentou que "nada é dito" sobre "como é que o Governo pensa implementar este plano de testagem e de rastreio nacional".
O CDS-PP reiterou que "se devem envolver as Forças Armadas" e advogou que devem ser incluídos nesta tarefa também os setores social e privado.
Portugal registou hoje 61 mortes relacionadas com a covid-19 e 549 novos casos de infeção com o novo coronavírus, o número mais baixo desde 06 de outubro segundo a Direção-Geral da Saúde (DGS).