Na conferência autárquica online, o BE, que considera a política local "a primeira linha na resposta à crise", lança assim o debate sobre estas eleições no partido liderado por Catarina Martins, que no mesmo dia fará um comício virtual para assinalar o aniversário do Bloco, cuja assembleia de fundação decorreu em 28 de fevereiro de 1999.
O documento a que a agência Lusa teve acesso, proposto pelo Grupo Autárquico e pela Comissão Política do BE, vai ser debatido e votado na conferência de sábado.
Responder à crise social e económica criada pela pandemia, garantir o direito à habitação, lutar pelo clima e mudar a mobilidade, combater as desigualdades sociais e reforçar os serviços públicos, defender a igualdade plena e democracia, transparência e combate à corrupção são as seis principais linhas pelas quais se vai reger o programa dos bloquistas para estas eleições.
Na introdução do documento, com quase 30 páginas, é recuperada a ideia já defendida nos tópicos da moção que a atual liderança bloquista vai levar à Convenção Nacional de maio, deixando claro que o partido se apresenta "em todo o país com listas próprias, abertas à participação de independentes e ponderará a renovação de coligações ou o apoio a movimentos de cidadãos com balanço positivo".
"O BE não realizará coligações pré-eleitorais com os partidos de direita e com o PS. Em cada executivo estará disponível para assumir todas as responsabilidades e contribuirá para a formação de maiorias que, excluindo os partidos de direita, assentem em compromissos sobre medidas fundamentais", assegura.
Na perspetiva dos bloquistas, a crise pandémica evidenciou "a solidariedade e empenho das populações".
"A política local é a primeira linha na resposta à crise e não deixamos ninguém para trás", promete.
O BE recusa ainda o "continuísmo que nada fez para travar o aumento das desigualdades" e "a política do ódio, que se alimenta do desespero e só acrescenta crise à crise".
Entre as propostas para responder à crise provocada pela pandemia, além do aumento dos apoios sociais, garantia de segurança alimentar ou apoio ao comércio local, está a criação ou reativação das Comissões Sociais de Freguesia para "uma maior proximidade com as populações".
O combate à precariedade nas autarquias, uma regionalização democrática que promova a coesão social e territorial e a reverter aquilo que apelidam de "Lei Relvas", que em 2013 reduziu as freguesias, respeitando a vontade popular são alguns dos compromissos assumidos.
Em relação à habitação está o aumento substancial "do peso da habitação pública e torná-la mais justa e acessível utilizando em cada município o previsto no Programa Primeiro Direito e na Lei de Bases da Habitação", para além de defender os inquilinos e travar despejos.
Nas questões climáticas, os bloquistas entendem como essencial que as autarquias contribuam para a redução da emissão de gases com efeitos de estufa, desde logo garantindo que os seus edifícios atingem a neutralidade climática em 2030.
Em matéria de transportes, é defendido que se continue a redução tarifária para chegar à gratuitidade e, para garantir a segurança das populações, o BE quer que sejam constituídos corpos municipais de bombeiros em todo o território municipal e a cobertura nacional das equipas de intervenção permanente 24 horas por dia.
Os autarcas do BE comprometem-se anda com a suspensão imediata das ações de despejo para reformados e pensionistas, independentemente dos anos em que tenha residido na habitação e a criação de gabinetes de apoio aos seniores.
Nas autárquicas de 2017 o BE teve um aumento expressivo de votos, conseguiu recuperar um vereador em Lisboa e eleger mandatos para autarquias inéditas, mas falhou a conquista de uma câmara, objetivo que havia sido traçado por Catarina Martins, ficando-se pelos 3,29% dos votos na contagem para as câmaras municipais.
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