Professores e funcionários na 1.ª fase? "Hipótese está a ser analisada"

No dia em que Portugal completa um ano desde o primeiro caso identificado de Covid-19 no país, Marta Temido foi entrevistada na SIC, tendo admitido que, "se facilitar ou resolver alguma coisa", o reconhecimento do erro "é aquilo que menos custa".

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Notícias ao Minuto
02/03/2021 20:24 ‧ 02/03/2021 por Notícias ao Minuto

País

Marta Temido

A ministra da Saúde esteve esta terça-feira no 'Jornal da Noite' da SIC, exatamente um ano depois do primeiro caso do novo coronavírus ter sido registado em Portugal. "Tivemos em janeiro uma situação muito complexa, semelhante àquela que alguns países passaram na primeira vaga, semelhante a que alguns países estão a passar agora e que, na minha perspetiva, foi fruto de um conjunto de circunstâncias que confluíram" naquele mês, começou por apontar Marta Temido.

E porquê? "Acho que não há uma única causa explicativa", prosseguiu a governante, acrescentando que a circunstância de "termos entrado num desconfinamento numa fase em que os números ainda não estavam suficientemente baixos provavelmente precipitou que, depois, não tivéssemos conseguido recuperar daquele embate do mês de janeiro".

Além disso, prosseguiu, surgiu a circunstância de "termos uma nova variante", de ter sido um mês "em termos de temperaturas extremas muito difícil, e a circunstância de, obviamente, os comportamentos não terem sido compatíveis com aquilo que eram estas três circunstâncias", enumerou a ministra.

Mas houve erro do Governo com o relaxamento das medidas no Natal? Marta Temido garantiu que "não é por uma questão de não querer reconhecer o erro", até porque, disse, "se facilitar ou resolver alguma coisa, da minha parte o reconhecimento do erro é, de facto, aquilo que menos custa".

"Se olharmos para as datas e virmos os comportamentos tomados em cada uma destas, não encontramos uma coerência que possa levar a uma explicação única" (Marta Temido)

A questão, para a governante, é outra. "Qual destas circunstâncias, efetivamente, levou a que tenhamos tido" a situação que se passou: "Começamos a subir o Rt no dia 25 de dezembro e nós temos uma subida dos dias 25 a 30. Depois, do dia 1 ao dia 12 de janeiro, temos um Rt que continua alto mas começa a baixar. Tanto que há uma altura nos primeiros dias de janeiro em que nos confrontamos com uma incidência elevada, mas que pensamos que o pico já teria passado".

Contudo, prosseguiu, o Rt voltou a subir do dia 12 ao dia 18. "Só no dia 18 começou a decrescer". Temido explicou que "se olharmos para estas datas e virmos os comportamentos tomados em cada uma destas, não encontramos uma coerência que possa levar a uma explicação única".

Houve falta de planeamento?

Reiterando que a questão não se prende com o "não gostar da acusação ou de não gostar da crítica", Marta Temido chamou a atenção para o facto de estarmos "perante uma doença nova" que "todos os dias nos tem surpreendido" e que tem "evoluído".

"Nesse contexto, é muito importante dizer que há coisas que ninguém pode planear", indicou, acrescentando que, "se alguém garantir que pode planear, penso eu, que não estará a falar verdade".

"Passámos por momentos muito difíceis e não estamos livres de que eles não nos voltem a acontecer" (Marta Temido)

Questionada por Clara de Sousa sobre se teve falta de força política da sua parte para impor o plano, Marta Temido respondeu que este foi "inteiramente realizado". "Nós não tivemos um caos instalado, tivemos uma situação extraordinariamente complexa em termos epidemiológicos que, como referi no auge do pico da terceira vaga, iriamos conseguir superar e superámos".

A ministra da Saúde frisou também que "passámos por momentos muito difíceis e não estamos livres de que eles não nos voltem a acontecer". A "única coisa que temos a certeza", disse, "é a de que há muitas incertezas e muitos aspetos que não dominamos e que os meios disponíveis são sempre finitos, por melhor organizados que estejam". Há, ainda assim, "coisas a melhorar".

O plano de desconfinamento e as escolas

Sobre este tema e "como o Governo tem dito", Marta Temido explicou que "há um momento para discutir os moldes e as datas do plano de desconfinamento". "É preciso termos calma quando olhamos para o futuro, estamos a trabalhar", assumiu.

"Da mesma forma que as escolas foram o espaço que mais procurámos proteger pela sua essencialidade em termos de Educação e efeito no futuro da população", sublinhou a ministra, "serão também as escolas a nossa principal preocupação no primeiro momento em que possamos fazer uma reabertura".

"Há quem esconda aquilo que é a incerteza que todos enfrentamos numa capa de convicções, de domínio da realidade" (Marta Temido)

Não se comprometendo com um calendário para que tal aconteça, a governante apontou a data já referida por António Costa - 11 de março - para dar a conhecer o plano de desconfinamento. "Não é navegação à vista, é falar claro aos portugueses. Há quem esconda aquilo que é a incerteza que todos enfrentamos numa capa de convicções, de domínio da realidade. Está à vista de todos que não é essa a postura do Governo".

Quanto a rastreios e vacinação de professores e funcionários, a governante afirmou que "há muitos desses aspetos que são referidos por uma ampla plateia de especialistas que fazem todo o sentido". "Não são só os ministros que decidem, é a população toda".

Sobre se professores e funcionários poderão ser incluídos na primeira fase de vacinação contra a Covid-19, a ministra disse que "é uma hipótese que está a ser analisada e está a ser analisada não só em Portugal como noutros países".

"Quando falamos de serviços essenciais, e as escolas são, na nossa abordagem, um serviço essencial, poderá fazer sentido que os adultos que trabalham nesses locais tenham uma vacinação diferenciada, como já os fizemos com outros [grupos]", considerou.

"Objetivo é elevar o número de testes por dia"

Em relação aos inquéritos epidemiológicos, Marta Temido começou por assinalar os avanços feitos pelo Serviço Nacional de Saúde em diversos domínios, como a Linha SNS24: "Tivemos problemas, temos problemas, evoluímos".

Recordando o dia em que foram realizados 77 mil testes - o maior número atingido - a governante destacou "que estávamos numa fase de confinamento e que não tínhamos uma política expansiva de abertura". Agora, "vamos entrar noutra fase", onde "vai ser feito um outro tipo de abordagem".

"O objetivo é elevar o número de testes por dia, em função daquilo que são os rastreios que queremos fazer, dirigidos para determinados focos como sejam escolas", dissertou, não se comprometendo com um "número mágico" de testes por dia.

Recorde-se que António Costa e Marta Temido visitaram hoje o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, com a ministra a salientar que "não podemos deixar de nos emocionar com aquilo que foi a capacidade dos nossos profissionais de saúde".

"Hoje, quando olhamos para trás, quase que sorrimos com algumas as nossas primeiras inocências perante uma doença nova que veio alterar tão radicalmente a nossa vida [...].Várias vezes tropeçámos uns nos outros com os olhos um pouco marejados de lágrimas, porque houve gente que morreu, gente que adoeceu e ficou com sequelas e há marcas que não vão sair na forma como nos relacionamos com os outros", recordou ainda.

Anteriormente, após a reunião com os seus homólogos europeus, a governante tinha reiterado que o grande objetivo da União Europeia é "ter 70% da população europeia vacinada até ao final do verão".

[Notícia atualizada às 21h18]

Leia Também: Certificado de vacinação prevê "retoma da normalidade"

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