Em declarações aos jornalistas na Assembleia da Republica, no final de uma reunião com autarcas independentes, entre os quais o presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, a deputada Cecília Meireles considerou que "convém não ter a memória curta" e perceber que "este é um problema" que o PS e o PSD "resolveram criar".
"Resolveram fazer uma alteração à lei eleitoral autárquica que não resolveu problema nenhum, que não tinha sido solicitada e que veio criar vários problemas e vários entraves a candidaturas independentes", disse, lembrando que o CDS se opôs.
Para o CDS-PP, PS e PSD andaram "a brincar às leis eleitorais a menos de um ano de autárquicas", o que "demonstra uma absoluta irresponsabilidade", e foi "sobretudo uma tentativa de conseguir afastar os independentes da política".
"Como na opinião pública não funcionou, o PS recuou" , frisou Cecília Meireles, defendendo que o Governo e os socialistas deveriam ter "andado ocupados a gerir o país" e a pandemia.
A deputada afirmou igualmente que "não é muito normal que os deputados votem uma coisa e que seis meses [depois] votem o seu contrário, como se isto fosse a coisa mais normal do mundo, coisas que afetam a vida de milhares e milhares de pessoas, isto não é uma brincadeira" e frisou que "se calhar seria melhor virem em primeiro lugar assumir responsabilidades".
Cecília Meireles referia-se ao projeto para a revisão da lei eleitoral autárquica que o PS entregou no parlamento no início da semana, e que visa corrigir erros constantes na atual legislação e garantir direitos de participação aos movimentos independentes de cidadãos.
As mais recentes mudanças à lei eleitoral autárquica foram aprovadas no final da sessão legislativa passada, em julho, por PS e PSD, mas têm sido muito contestadas por representantes de movimentos independentes.
Há duas semanas, também o CDS-PP entregou um projeto de lei que visa alterar a lei eleitoral para as autarquias com o objetivo de retirar "os entraves às candidaturas independentes".
Já o presidente do PSD admitiu que o partido possa propor alterações à lei eleitoral autárquica, caso algumas das reivindicações que tem ouvido aos movimentos de cidadãos sejam justas.
Hoje, Cecília Meireles considerou necessário e "urgente" tentar "resolver o problema o mais depressa possível" e "revogar todas as alterações relacionadas com candidaturas independentes que tinham sido feitas".
Questionada como é que o CDS vai votar o projeto de lei do PS, Cecília Meireles indicou que o partido vai analisar e respondeu que é preciso "perguntar ao PS como e que vota o projeto do CDS".
A deputada indicou que os centristas estão "disponíveis para resolver todos os problemas que estas duas forças políticas criaram", mas ressalvou que "a grande pergunta aqui é em relação ao PS e ao PSD, que foram os autores desta enorme trapalhada".
É preciso "caminhar é para uma maior participação de independentes e de cidadãos nas candidaturas autárquicas, não é no sentido de dificultar essa participação, isso não tem sentido nenhum", advogou, indicando que a atuação do CDS "vai ao encontro daquilo que estão a solicitar vários autarcas independentes" e que é "do mais elementar bom senso"
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