O líder do PSD recebeu, esta sexta-feira, na sede do partido no Porto, os empresários da restauração que constituem o Movimento 'A Pão e Água'.
No final do encontro, Rui Rio lançou duras críticas ao Governo e questionou o que é que o PS tem contra estes empresários.
"Nós entendemos que os apoios devem ser estáveis, deve haver menos anúncios e mais trabalho, mais apoios. Pelas notícias, são milhões e milhões de apoios. A sociedade deve estar a pensar que os empresários da restauração estão bem. Nada disso. Uma coisa é o que o Governo anuncia, outra coisa é o que o Governo faz. O Governo sabe que, durante algum tempo, consegue enganar os portugueses com estes anúncios", começou por salientar.
"Eu continuo sem entender o que é que o Governo do PS tem contra trabalhadores que vivem do seu salário e que juntaram algum dinheiro para montar um negócio que eles próprios gerem", atirou, explicando que enquanto um funcionário em lay-off recebe a 100%, um empresário recebe apenas 60%.
"Poderemos ter desconfinamentos a ritmos diferentes"
Além disso, o presidente do PSD reiterou a exigência ao Governo para que este divulgue qual é o plano de desconfinamento.
"Outra coisa que estes empresários pedem, e que nós já temos vindo a falar é um plano de desconfinamento que pressupõe, naturalmente, a partir de que indicadores podemos começar a desconfinar, como é que desconfinamos e a partir de que indicadores voltamos outra vez a confinar. Importante é dizer 'a partir daqui estamos em condições de ir abrindo' mas, mal se atinja uma determinada linha vermelha, temos de parar a tempo para não acontecer o que está a acontecer agora", clarificou.
Já em resposta às perguntas dos jornalistas, Rui Rio admitiu um desconfinamento a ritmos diferentes, por regiões, quando a evolução epidemiológica não for homogénea, como forma de não prejudicar as populações menos "massacradas" pela pandemia de Covid-19.
"Eu entendo que deve haver um plano de confinamento e de desconfinamento, neste caso, nacional, mas se o território todo não for homogéneo nós poderemos ter desconfinamentos a ritmos diferentes, consoante a região", afirmou.
O líder social-democrata, que se reuniu hoje, no Porto, com representantes do Movimento a Pão e Água, que agrega empresários da restauração, comércio, hotelaria e eventos, rejeita, contudo, um confinamento ao nível concelhio por considerar que em causa está uma malha "muito apertada" e pequena.
"Regiões mais alargadas parece-me avisado, porque não me parece que tenhamos de prejudicar regiões e pessoas dessas regiões desnecessariamente. (...) Portanto, parece-me que não será de pôr de fora a possibilidade de o desconfinamento não ser rigorosamente da mesma forma pelo país todo. Poderá ser, mas parece-me que pode fazer-se de uma forma um bocadinho diferente para aquelas populações que não estão tão massacradas pela pandemia", observou.
Rui Rio considera que este é o tempo de desenhar o plano de desconfinamento, mas não de baixar "a guarda", o que só pode ser feito, defende, depois ser indicados pelos técnicos as linhas vermelhas.
Apesar de admitir que este plano devia ter sido preparado pelo Governo há mais tempo e de reconhecer que isso traria mais segurança às pessoas, o social-democrata acredita que, a existir, não diria que o país já podia ter desconfinado há mais tempo.
"Por aí o prejuízo não é muito grande, temos de ser justos nas críticas", afirmou.
O Conselho Nacional de Saúde (CNS) recomendou, na quinta-feira, que o desconfinamento no âmbito da pandemia de covid-19 seja gradual e acompanhado de orientações claras e da garantia do controlo da transmissão da infeção pelo SARS-Cov-2.
"A decisão deve ser planeada, tendo por base processos de monitorização que acompanhem tanto a evolução epidemiológica quanto os indicadores económicos e sociais do país", lê-se no documento enviado à Lusa com as recomendações do órgão consultivo para o desconfinamento.
Para o CNS, a reabertura da atividade dos diferentes setores da sociedade deve ser gradual e acompanhada de medidas que permitam assegurar o controlo da transmissão da infeção, da identificação em tempo útil de pontos de maior risco e de um programa efetivo de teste-rastreio-isolamento.
Relativamente à capacidade de testagem, o CNS refere que os testes de diagnóstico devem ser distribuídos de forma abrangente, podendo até ser dispensada prescrição médica, e particularmente dirigidos a pessoas em contextos de maior risco para a ocorrência de surtos.
Por outro lado, é recomendado que o levantamento das medidas restritivas não aconteça sem orientações claras, não apenas para os diferentes níveis de cuidados de saúde e diferentes setores, mas também para os cidadãos em geral.
O plano de desconfinamento é apresentado pelo Governo no dia 11 de março, mas o primeiro-ministro, António Costa, já adiantou que, além de gradual, progressivo e diferenciado por setores de atividades, "poderá também ser, porventura, em função de localizações, tal como já vigorou num certo período de tempo no país".
Em Portugal, morreram 16.458 pessoas dos 807.456 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
Reveja aqui na íntegra a conferência de imprensa do Rui Rio:
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