O PSD quer saber qual a posição do Governo sobre a vacina da AstraZeneca. O pedido de esclarecimento surge depois de vários países - oito até ao momento - terem suspendido a administração desta vacina por um período indeterminado, enquanto estudam a possibilidade de esta estar relacionada com "casos graves de formação de coágulos sanguíneos".
Através de um comunicado, os social-democratas fazem saber que o Grupo Parlamentar do PSD entregou um requerimento dirigido à ministra da Saúde em que pede mais informações, por um lado, sobre a existência de qualquer caso semelhante em Portugal, por outro, se existe alguma diretriz internacional da Agência Europeia do Medicamento ou da Organização Mundial da Saúde sobre este tema.
O PSD quer ainda saber "qual vai ser o posicionamento de Portugal perante esta suspensão, a que vários países têm vindo a aderir nas últimas horas".
PSD pede relatório mensal de reações adversas
Paralelamente, os social-democratas pedem que seja enviada à Comissão Eventual para o acompanhamento da aplicação das medidas de resposta à pandemia da doença Covid-19 e do processo de recuperação económica e social, com regularidade mensal, um relatório com o registo das reações adversas às diversas vacinas registadas no Portal de Notificação de Reações Adversas (RAM) do Infarmed.
No comunicado, o PSD defende que é da "maior importância que haja transparência em todas as fases da vacinação, o que inclui o esclarecimento célere sobre qualquer possível reação adversa a uma das vacinas a ser utilizadas em Portugal, de forma a garantir a manutenção da confiança dos portugueses no processo, essencial para atingirmos a tão desejada imunidade de grupo".
Esta quinta-feira, em nota partilhada no seu site, a Autoridade do Medicamento recorda que a EMA divulgou uma informação sobre o fármaco, na sequência da notificação de reações adversas relacionadas com a formação de coágulos sanguíneos em pessoas que receberam a vacina.
O regulador português frisa que "os resultados preliminares [da investigação levada a cabo] sugerem não existir uma relação causal entre a administração desta vacina e estes eventos" e que "os benefícios da utilização da vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca mantêm-se superiores ao risco, não havendo qualquer alteração às recomendações sobre a sua utilização".
A EMA e o Infarmed mantêm o compromisso de acompanhar a situação e atualizarão a informação quando necessário.
A posição do Infarmed surge depois de a Agência Europeia EMA ter assegurado que, por enquanto, não existem provas de um aumento de risco de coagulação sanguínea em pessoas vacinadas contra a Covid-19.
A Áustria anunciou no domingo ter interrompido a administração de um lote de vacinas produzidas pelo laboratório anglo-sueco após a morte de uma enfermeira de 49 anos que sucumbiu a "sérios problemas de coagulação" poucos dias depois de ter recebido a vacina.
Já no passado domingo, na sequência da suspensão anunciada pela Áustria, o Infarmed revelou que o lote em causa "não está a ser utilizado em Portugal".
Estónia, Lituânia, Letónia e Luxemburgo suspenderam depois a vacinação com doses provenientes do mesmo lote, entregue em 17 países e que incluía um milhão de vacinas. Entretanto, Dinamarca, Islândia e Noruega anunciaram hoje a suspensão do uso da vacina AstraZeneca, apesar de, na quarta-feira, um inquérito preliminar da EMA sublinhar que não existia qualquer relação entre a vacina deste laboratório e a morte ocorrida na Áustria.
Em Portugal, morreram 16.635 pessoas dos 812.575 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
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