Catarina Martins esteve, esta tarde, num encontro com Marcelo Rebelo de Sousa, por vídeoconferência, no segundo dia em que o Presidente da República está a ouvir os partidos com assento parlamentar. No final da reunião, a coordenadora do Bloco de Esquerda (BE) referiu aos jornalistas que o partido considera que, "sendo possível avançar com o desconfinamento, não tem sentido que o Estado de Emergência se prolongue indefinidamente".
Até porque, prosseguiu, o "Estado de Emergência é o sinal vermelho de que precisamos quando há uma necessidade de recuo nas medidas".
Catarina Martins afirmou ainda que o BE espera que "seja possível manter o desconfinamento" e que os "números continuem numa rota de controlo". "Idealmente, que este seja o último Estado de Emergência, pelo menos nesta fase".
Sobre a conversa com Marcelo, a líder bloquista destacou que levou até ao chefe de Estado a "preocupação com os apoios sociais e económicos". "Em primeiro, sobre medidas que o Parlamento aprovou e que estão, neste momento, a aguardar promulgação pelo Presidente da República sobre apoios à família e aos recibos verdes".
Para Catarina Martins, "o Governo tem vindo a anunciar medidas que depois excluem de tal forma nos seus critérios muitos dos beneficiários a quem pretensamente se dirigem, que acaba por nunca executar".
Outra das preocupações prende-se com as moratórias, com a coordenadora do BE a frisar que o "Governo acabou por empurrar as famílias e as empresas" para estas, "e, neste momento, uma parte dessas moratórias acaba já na próxima quarta-feira, dia 31".
"O Governo tinha-nos dito que seria residual a percentagem de moratórias que acabavam no fim de março, ou seja, moratórias da Associação Portuguesa de Bancos. Na verdade, não são residuais", afirmou.
Referindo-se aos dados divulgados hoje pelo Banco de Portugal, a líder do BE apontou que "um terço do crédito empresarial está em moratória, grande parte nos setores mais vulneráveis e mais afetados pela pandemia" e que "uma em cada cinco famílias tem uma moratória que acaba no final deste mês".
"Estamos perante uma autêntica bomba-relógio de crédito malparado". Para o BE, "o tempo urge" e é imprescindível proteger famílias e empresas, defendendo "a passagem destas moratórias da Associação Portuguesa de Bancos para as moratórias públicas para estendê-las pelo menos até setembro", mês a partir do qual serão precisos planos de reestruturação para o pagamento destas dívidas.
"O apelo é que o Governo atue rapidamente para proteger as famílias, as empresas que não podem ver as suas moratórias acabar já na próxima quarta-feira. É uma situação de uma violência que não podemos permitir", pediu.
Para a próxima terça-feira está marcada a audição no parlamento, a pedido dos bloquistas, do governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, sobre esta matéria.
[Notícia atualizada às 18h01]
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