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Catarina Martins diz que reduzir 15 milhões de pobres "não é um avanço"

A coordenadora do Bloco de Esquerda afirmou hoje existir "outra Europa além daquela que está na Alfândega do Porto", onde se realizou a Cimeira Social, defendendo que reduzir 15 milhões de pobres "não é um avanço".

Catarina Martins diz que reduzir 15 milhões de pobres "não é um avanço"
Notícias ao Minuto

23:05 - 07/05/21 por Lusa

Política Catarina Martins

"Esta é a afirmação de que há outra Europa além daquela que está na Alfândega do Porto, uma Europa que está todos os dias nas lutas, movimentos e construção da alternativa. Uma Europa que sabe que não vale a pena lágrimas de crocodilo sobre a pobreza e as dificuldades da vida", afirmou.

Catarina Martins, que falava no Comício "STOP Precariedade, STOP Pobreza" --- iniciativa que marca o fim da contracimeira do BE ---, salientou que as "opções tomadas de resposta à pandemia da covid-19 e crise estão a aprofundar uma desigualdade que vêm de longe".

"Esta Europa que prefere proteger as patentes das vacinas contra a covid-19 a proteger os seus cidadãos e os cidadãos do mundo é a mesma Europa que garantiu sempre a impunidade dos de cima e que se alimenta da pobreza dos debaixo", apontou.

A "contracimeira da resistência, do inconformismo e da solidariedade" do BE surge numa critica à falta de ambição do Pilar Europeu dos Direitos Humanos, em discussão na Cimeira Social do Porto.

No comício, a coordenadora do BE afirmou que "anunciar reduzir 15 milhões de pobres na Europa, enquanto se esconde que se quer manter mais 70 milhões de pobres na Europa não é um avanço, é um retrocesso, é uma resignação".

"A igualdade não é, nem pode ser, um slogan vazio, uma referência abstrata num discurso de circunstância em qualquer cimeira", criticou.

Também presente no comício, o presidente do Partido da Esquerda Europeia, Heinz Bierbaum, disse ser necessário "mudar a política europeia" para "ganhar uma Europa mais social".

"A mudança da política na Europa é o fundamental para ganharmos uma Europa mais social, mais solidária, mais democrática, mais ecológica. E, estou convencido, outra Europa é possível", afirmou Heinz Bierbaum.

Já o deputado bloquista José Soeiro afirmou que, tanto a Cimeira Social do Porto, como a contracimeira do BE são "dois caminhos possíveis e antagónicos" que estão "em aberto".

"Acreditamos que há outra Europa, que já está a ser construída por estas redes laborais, projetos de intervenção social. É esta Europa que irá amanhã para a rua, desde a Praça do Marquês, para que se faça ouvir aos senhores que estão no Palácio de Cristal", acrescentou.

O candidato do BE à Câmara do Porto, Sérgio Aires, lembrou ainda que os líderes europeus poderiam ter "esboçado algum esforço de querer virar a página", mas "não o fizeram, defendendo que o modelo apresentado "continuará a cavar fundo nas desigualdades".

"A pobreza é entendida como um efeito colateral. Francamente, acho que hoje aqui no Porto caíram todas as máscaras. Aceitar como meta que em 2030 teremos mais de 70 milhões de pobres é o quê? Esta falta de ambição pode piorar", considerou.

A Cimeira Social decorreu hoje no Porto com a presença de 24 dos 27 chefes de Estado e de Governo da União Europeia, reunidos para definir a agenda social da Europa para a próxima década.

Definida pela presidência portuguesa como ponto alto do semestre, a Cimeira Social tem no centro da agenda o plano de ação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais, apresentado pela Comissão Europeia em março, que prevê três grandes metas para 2030: ter pelo menos 78% da população empregada, 60% dos trabalhadores a receberem formação anualmente e retirar 15 milhões de pessoas, cinco milhões das quais crianças, da pobreza e exclusão social.

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