Autárquicas. Luís Silveira anuncia recandidatura nas Velas pelo CDS

O presidente da Câmara Municipal das Velas, Luís Silveira, que chegou a anunciar uma candidatura à liderança do CDS-PP/Açores, por divergências com o líder regional centrista, anunciou hoje a sua recandidatura à autarquia, pelo CDS.

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Lusa
08/05/2021 17:33 ‧ 08/05/2021 por Lusa

Política

Autárquicas

 

"Serei candidato à Câmara das Velas e serei, como sempre fui, pelo CDS. É o meu partido e eu vou conseguir ultrapassar as divergências que tenho com o partido, a favor de nós continuarmos a ter um CDS mais forte, mais coeso, não me inibindo de dizer: Artur Lima, não concordo, não está bem, mas eu sou do CDS e estarei aqui para ajudar", afirmou.

Luís Silveira, que falava no X Congresso Regional do partido, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira, revelou que já tinha sido convidado a concorrer a um terceiro mandato pelo CDS, tanto pelo presidente nacional do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, como pelo líder regional, que agora se recandidata, Artur Lima.

O ex-deputado regional centrista e presidente há oito anos do município das Velas, na ilha de São Jorge - o único gerido pelo CDS nos Açores -, manifestou publicamente divergências com Artur Lima, que lidera o partido na região desde 2007, e chegou mesmo a apresentar uma candidatura à liderança, em março de 2019, ano em que estava previsto decorrer o congresso.

Entretanto, os centristas integraram, pela primeira vez um Governo Regional nos Açores, no final de 2020, depois de o PS, que governava a região há 24 anos, ter perdido a maioria absoluta nas eleições legislativas regionais, abrindo caminho a uma coligação entre PSD, CDS-PP e PPM, apoiada por acordos de incidência parlamentar com Chega e Iniciativa Liberal.

Passados dois anos, apesar de não ter confirmado a candidatura à liderança, Luís Silveira não escondeu as divergências com Artur Lima, que disse serem apenas "políticas".

"Foram dois anos de muita controvérsia, de muita desmotivação, de muitos mal-estares e de muita saturação, em que boa parte disso mesmo foi tornado público, mas uma parte muito considerável não foi, nem vai, pelo menos por mim, nem aqui e talvez nunca e em nenhum sítio", afirmou.

Na sua intervenção inicial no congresso, o líder centrista destacou a Câmara Municipal das Velas como exemplo de boa gestão autárquica nos Açores, elogiando o ex-concorrente interno.

"Talvez seja de crítica fácil, não sou de elogio fácil, mas quando o tenho de fazer, faço. E o exemplo da diferença de uma gestão socialista para uma gestão democrata-cristã é a Câmara Municipal de Velas, que herdou 12 milhões de euros de dívida e hoje tem dinheiro no banco", afirmou Artur Lima.

Silveira respondeu com outro elogio, alegando que o líder centrista regional era "o melhor parlamentar do parlamento dos Açores e um homem de trabalho, de iniciativa, de pujança e de convicção".

"Eu gosto de ouvir colegas seus do Governo, nomeadamente do PSD, dizerem-me: ainda bem que o CDS está no governo, porque o Artur Lima faz diferença neste governo", acrescentou.

O militante centrista lembrou, ainda assim, que o CDS-PP/Açores perdeu votos e eleitos nas mais recentes eleições legislativas regionais, defendendo que o partido precisa de "mais bases e mais estruturas eleitas".

Apesar das divergências conhecidas de vários militantes com a liderança de Artur Lima, o debate da moção de estratégia global do único candidato centrista ficou marcado, sobretudo, por manifestações de apoio e por apelos à união.

A voz mais crítica foi da ex-deputada centrista Graça Silveira, que passou a deputada independente no último mandato, sendo alvo de um processo disciplinar instaurado pelo conselho de jurisdição do partido a nível nacional, posteriormente contestado no Tribunal Constitucional, que lhe deu razão.

Ressalvando que todos precisavam de contribuir para o CDS, a militante acusou a organização do congresso de retirar inerência a alguns dos seus eleitos locais "em desrespeito pelos estatutos" e lamentou que a ilha com maior número de militantes, São Miguel, tenha tido apenas "quatro delegados eleitos".

Graça Silveira disse ter acabado "sozinha" na batalha por um projeto "alternativo" para o CDS, porque deixou de se identificar com "o rumo que o partido tomou", mas sublinhou sair deste congresso sem "ceder uma única vírgula" nas suas convicções e sem se "vergar um único milímetro" nos seus princípios.

"O CDS é um partido personalista, mas nunca pode ser pessoalista", rematou, dirigindo-se a Artur Lima.

Leia Também: Líder do CDS/Açores apela à união dos militantes em congresso regional

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